Assim como em rodovias de 14 estados, caminhoneiros fazem manifestação em trechos da RS-040 e da RS-118. Sem bloqueios, mas sob atenção do Comando Rodoviário. Em Brasília, a PM negocia saída de 3 mil pessoas que permanecem na Esplanada dos Ministérios e se aproximam do Supremo. A tentativa de golpe segue em curso. No imaginário, explico neste artigo, é o MST do bolsonarismo na rua para assustar às instituições.
Em Viamão, caminhões estacionaram no acesso para a AmBev. Na vizinha Capivari do Sul, o trevo com a BR-101 recebe concentração de transportadores. Na RS-118, em Gravataí, um grupo se reuniu, vejam a ironia, em um posto de combustíveis, próximo do limite com Alvorada. Todos estão vigiados pelo comando rodoviário da Brigada Militar.
Na pauta, nada de críticas ao preço do diesel ou à explosão da inflação. É apoio a Jair Bolsonaro, fechamento do STF e outros delírios golpistas, incitados pelo deprimente da república em seu Putsch da Cervejaria do 7/9, o que analisei nos artigos De Viamão à Paulista, o bolsonarismo mostra seu tamanho; Suicídio e Bolsonaro lembra ’Hitler de Luciana Gimenez’; Pop It de 7 de setembro é a ’Pornochanchada da Cervejaria’.
A convocação para o “protesto pacífico” – o que até agora é – circulou pelo WhatsApp, da mesma forma que o boato de que, nesta madrugada, a Freeway (BR-290) será bloqueada. Nas redes sociais circulam vídeos mostrando adesão, mas também ataques a caminhoneiros que furam bloqueios em estradas brasileiras.
O G1 noticiou que o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), a Frente Parlamentar dos Caminhoneiros e Celetistas e mais dois sindicatos que representam a categoria entraram na Justiça Federal com um pedido de indenização de R$ 50 milhões “por danos patrimoniais e extrapatrimoniais ou morais que aconteçam nas manifestações deste 7 de setembro”.
A ação civil pública foi movida na 20ª Vara Federal Cível do Distrito Federal contra o presidente Bolsonaro e a União.
A petição dos líderes dos caminhoneiros alerta para “atos de intolerância insuflando conscienciosamente a participação mediante exploração da dependência econômica de caminhoneiros empregados e hipossuficiência econômica de transportadores autônomos com propósito de exigir afastamento imediato de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mediante uso das forças armadas”.
– É movimento de patrões, não temos nada contra o STF – atropela o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Transportadores Autônomos de Cargas (Sinditac) de Goiás.
Vantuir Rodrigues alega que empresários colocam celetistas no movimento e tentam associar os atos aos caminhoneiros autônomos.
– Começou a pegar o medo entre quem depende do caminhão e teme não parar em bloqueios que ocorram nas estradas – lamenta ao Diário de Viamão um caminhoneiro de Viamão, sob a condição de anonimato.
Perguntem ao deputado federal Nereu Crispim (PSL), que tem como base caminhoneiros gaúchos, que ele vai confirmar que há empresários do transporte e do agro por trás das manifestações.
A ‘greve dos caminhoneiros’ entre junho e julho do ano eleitoral de 2018 também foi desmascarada como um locaute, que é a ‘greve de patrões’, e custou caro para Viamão.
De cada R$ 10 de ICMS, um real não chegou ao caixa da Prefeitura.
Levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) calculou perdas de pelo menos R$ 75 bilhões no Brasil, entre todos os setores, nos 10 dias de paralisação.
Dos Grandes Lances dos Piores Momentos, à época teve até vereadores apoiando, aditivados, é claro, pelas curtidas no Grande Tribunal das Redes Sociais.
Dois anos depois, e com o candidato dos patrões dos caminhoneiros eleito, o Putsch da Cervejaria, a foto do golpe está aí, em preto e branco – talvez para surpresa apenas do Eduardo Leite e outros políticos, da aldeia inclusive, que votaram no ‘mito’.
Sou contra a greve dos patrões dos caminhoneiros. A paralisação chama demagogias e populismos ao assentar seu piquete no imaginário das pessoas, mais do que qualquer coisa, em um contra tudo que está aí. Observo também que nossos políticos, da esquerda à direita, passando pelo centro, por desinformação ou instinto de sobrevivência nas urnas, parecem unidos por curtidas em uma sociedade caça-cliques.
É o bolsonarismo saindo do zap.
Restaram políticos saltando para cima ou para trás do muro.
Acrescento ainda que da despolitizada pauta do contra tudo que está aí, nada estaciona na vida real. Só na contramão, como gasolina mais cara. Até porque, analisando com a cabeça, não com o coração ou o fígado, são reivindicações que não saem das trincheiras da fantasia nem no País dos Soldadinhos de Chumbo.
Intervenção militar é a buzina de turno.
Ao fim, é tudo um museu de grandes novidades.
O convite à baderna é a recepção para uma proposta de “estado de defesa” no Conselho da República. Não mais do que para provocar medo – o que não demonstrou o presidente do STF Luiz Fux em seu pronunciamento de hoje ao apontar crime de responsabilidade de Bolsonaro e dizer que “ninguém fecha” o Supremo – os caminhoneiros golpistas e os acampados em Brasília são o MST do bolsonarismo.
Se o terrorismo vai ficar só no imaginário e narrativa, saberemos nas próximas horas, ou talvez só em dia de votação de impeachment ou prisão do deprimente da república.
Terrorismo que não fez o verdadeiro MST, nem no golpeachment contra Dilma.
Pelo contrário, os sem-terra são exemplo na produção e distribuição de alimentos, assim como também o são os verdadeiros caminhoneiros, que querem um Brasil democrático e de retomada econômica, não de caos e guerra civil.