Poemetos de Ana
Assim, o ano se consome.
E eu, atrevida e confusa, vou remendando versos.
Aqui, alguns do passado.
Mas visíveis e eternos, na minha saudade.
Para meus queridos (as) leitores.
Algarve
Em frente ao Marrocos, o Algarve.
Deslumbrante arquitetura moura.
Mas em Portugal há destroços
Da ditadura Salazarista.
Da Revolução dos Cravos.
Em frente aos grafites…
A embriaguez política
Na colorida e rica
Paisagem portuguesa.
Apocalipse
Me surpreendo com
coisas e gentes!
Estupidez e graça humana.
Temperamentos e aviamentos…
Afinal…
quem são estas pessoas…
abarrotadas no mundo de bilhões?
Me surpreendo comigo
e não posso ser nada…
Cafezinho
Mais gostoso
Que o café
É o teu joelhinho
Embaixo da mesa…
Classes sociais
A minoria
Fazia,
Acontecia,
Redigia,
Investia,
Infringia!
A maioria
Paria!
Doçura
Estranha atração!
Sons de verão
Sol e Lua
Sal e Mel
Estranha sensação!
Na manhã sabor
Maçã verde!
Doce! Muito doce!
Café de Fernando Pessoa
Entro na “A Brasileira” em Lisboa.
E transporto-me…
Imagino Fernando Pessoa.
Ele frequentava este salão.
Sua cadeira está aqui.
Entre cafés e licores…
Na observação
das vozes e dos sonhos.
De muitos autores:
Shakespeare,Camões,Guerra Junqueiro.
Eu peço um porto,
Um café de angola e
Rabisco meu guardanapo,
Com repentina saudade,
Entre um suspiro longo…
Enigma
Encontre-me num verso
Único…
Não sou o sol
Sou antes a lua.
Crua, nua, jamais sua.
Poderei castrar meu sonho?
Não posso negar dizendo sim
Não posso apagar o não
Na confusão da rima, insisto
Encontre-me num verso
De características únicas
O ventre estará mais cheio
De filho. Serei sempre eu.
Não sou a areia, sou antes o mar
Não sou a vida, sou da transmutação astral
Por isto caro amigo
Decifre-me
Só assim terá sentido
Rima, verso e inspiração
A Última Onda Cinza
Dentro do mar
Mora um tesouro
De luzes e cores.
Dentro do mar
Habita a fórmula
Do sim e do fim.
Dentro do mar
Mora um princípio
Depois da
Gigantesca onda cinza,
Nem datas nem símbolos.
Só águas…
Águas e águas.