A semana das infelizes coincidências: o véio da Havan e as cidades sem prefeito

IMAGENS: Reprodução/Facebook

A CPI que investiga, entre outros crimes e omissões, o peso do governo federal nas mortes pelo coronavírus, ouviu Luciano Hang. Um dia depois (30), o ex-prefeito André Pacheco aproveitou a quinta-feira (30) para soltar TBT com o empresário, que é suspeito de financiar esquema de fakenews em benefício do presidente Bolsonaro. O político local postou foto abraçadinho com Hang para lembrar a instalação de uma unidade da rede de lojas catarinense aqui na Velha Capital. 

A semana cheia de coincidências infelizes ainda teve mais: o afastamento de Milki Breier (PSB) do comando de Cachoeirinha por 180 dias lembra em muito o que aconteceu com o próprio Pacheco. Tal qual a "Lava Jato de Viamão, o Poder Executivo da cidade vizinha está, de acordo com o Ministério Público (MP), envolvido em esquema de corrupção.

O MP gaúcho fala em "organização criminosa" "mesada" e "malas de dinheiro". Em Cachoeirinha, as operações Proximidade e Ousadia apontam o prefeito como suspeito de receber mesada mensal de R$ 40 mil como propina por contratos envolvendo empresas terceirizadas, principalmente na limpeza urbana e recolhimento de lixo.

Em Viamão, as operações Capital e Pegadas indicam desvios de pelo menos R$ 33 milhões. Entre os supostos crimes, fraudes em licitações de áreas como Saúde e Educação. Da higienização de postinho de bairro até a compra de tênis para os alunos da rede pública municipal.

Aqui como lá, os prefeitos são apontados. Lá como aqui, o MP fez uma operação, o esquema teria continuado – daí nasceu uma segunda operação. 

Pelos lados de lá, também tem secretário entre os investigados. Por ironia do destino, o vice de lá que assume – assim como era o daqui – também é do MDB.

Resumindo as comparações, para Cachoeirinha só faltou vereador preso. Aqui, o processo já tem réus, ou seja, os culpados estão apontados e aguardam julgamento definitivo. Até lá, lembre-se em tempo hábil, todos merecem o benefício da dúvida.

Fechando a conta, digo que o escândalo de Cachoeirinha é um triste TBT para Viamão, vista por lideranças estaduais e pela mídia de fora (tão bajulada pelos caciques locais) apenas quando o assunto é pedágio, violência ou corrupção.

Por obra do azar, Pacheco ressurge sob os holofotes das redes sociais justo quando as comparações reavivam feridas profundas. Contudo, se este fato é obra de mero acaso, o mesmo não se pode dizer da fotografia com Hang.
Esta vergonha era opcional.

E onde mais entram o véio da Havan, com suas "narrativas" e seu traje brega nestas histórias locais? Aos que não fizeram a relação correta, eu ajudo:

Além da foto agarradinho com André, Hang fala bastante, feito Miki Breier em outros tempos. Em seu perfil no Twitter o prefeito – agora afastado – de Cachoeirinha foi, no passado, "tirou onda" de político do Tocantins suspeito de corrupção – que lamentava "ter sido filmado".
Anos depois, o MP diz sustentar em vídeos parte das investigações contra Breier.

O véio da Havan tanto falou nas redes que acabou investigado na CPI – e nem vou entrar na polêmica sobre a ocultação da causa da morte (COVID-19) no atestado de óbito da mãe do empresário.

Pacheco há muito não fala. Hang fala demais. Miki, que falava sobre corrupção aos quatro ventos, agora, sente o rebote.

Contudo, são apenas coincidências.

 

IMAGEM: Reprodução/Twitter

 

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