Disse que não estava apaixonada, e te citei em todos os meus últimos textos. Disse que não estava preocupada, e não te ouvi, porque estava pensando demais naquele assunto. Disse que queria ficar, mas me dirigi para a porta, impaciente. Disse que não me incomodava, mas alterei o tom de voz, entreguei minha dissimulação constante. Insisti na ideia de que não gosto de mentiras, e argumentei com uma história falsa de um passado que não existiu, menti de novo.
Fui contraditória, agindo de modo incompreensível, e no final, nem eu me entendia. Estava sempre há dois passos de colapsar, mas não conseguia demonstrar, nem mudar meu semblante. Queria a vida, mas a vida me parecia demais. Era muito, e sentia esse peso, tão disforme e cheio de oscilações.
Me vestía de um jeito que, poderia ser para afirmar, provocar, consolidar algo. Me manifestava de uma forma que, poderia ser para me elevar, me subestimar, me deixar na linha de fogo. E no final, dizia algumas coisas que, nem eu sabia se acreditava.
Me julguei todas as vezes, me parabenizei bem menos, estive lá por mim e já me deixei a deriva. Disse que gostava de sol, mas também da lua. Quase nunca convicta, pairando nessas ondulações. Eu queria tudo e falava sobre todas as coisas, falava demais, e as vezes, não emitia nenhum som o dia inteiro.
Eu te agradava, e me desagradava. Me levava para jantar e eu saía sozinha, para pensar demais e no que eu pensava, mantinha em segredo.
E esses segredos que mantinha, me eram estranhos também. E em dias como esses, em que nada parecia fazer sentido, nem mesmo essa narrativa…Dançava com as possibilidades, me desiludia mais de uma vez, ficava contente e depois me frustrava.E no desfecho da nossa conversa, eu já havia refletido sobre tudo isso, e no entanto, te dizia que estava tudo bem. E não estava?(Eu me perguntava internamente).