Hoje a solidão veio ao meu encontro, e eu a recebi. Hoje senti a sua presença, que possui uma face tão ambígua, dolorosa e reconfortante ao mesmo tempo, como é grandiosa a sensação de singularidade. Me peguei observando meus últimos passos e refletindo sobre como tenho andado só. Por aí, tenho caminhado bastante, com meus pensamentos jogados ao vento, tenho conversado tanto comigo e às vezes esse processo mostra-se árduo, mas eu aceito, porque sei da importância desses momentos ordinários, olhar-se no espelho.
E nem sempre a minha companhia é a melhor, mas é engraçado, porque eu estou sempre comigo. E não posso fugir de mim. Não posso fugir do que me preocupa, me angustia, mas também desfruto de todas as memórias que me alegram e me fazem feliz, elas me fazem companhia também. Luzes e sombras que pertencem apenas à minha existência.
Hoje me senti sozinha, e por segundos desejei não estar, desejei um outro alguém ali do lado para amparar o meu mundo, me abraçar. E sabendo que eu também tenho essa capacidade dentro de mim, segui adiante. Não vacilei, me amparei com ferramentas que desenvolvi para executar esse ato de compreensão, porque não existe ninguém que entenda tanto das minhas dores quanto eu.
Minha sensibilidade me permite compreender meus tropeços, minha amabilidade faz com que eu saiba a forma correta de me consertar. Então, dessa vez, quando a solidão me visitou, encarei-a nos olhos e ouvi o que ela tinha a me dizer. Não tive medo, nem entreguei essas pendências nas mãos de outro alguém, fui presença absoluta e sigo sendo. Todos os dias, afinal, quem entende mais das minhas dores do que eu?
Com amor, Alice.
