Gostaria de pedir licença para iniciar esta reflexão, fazendo uma ponte com os acontecimentos político-sociais que emergiram nos últimos dias, inicialmente trazendo à luz o termo “neutralidade”. Segundo o dicionário, neutralidade é a “condição daquele que permanece neutro”. Indo um pouco mais à fundo, encontramos alguns sinônimos para a palavra neutralidade, sendo um deles a palavra “indiferença”.
Tendo clarividência do significado da palavra neutralidade e de um possível sinônimo, vamos adiante na reflexão… É possível andar sob a narrativa da neutralidade, dentro de uma sociedade de preferências e escolhas? Será mesmo que é possível isentar-se frente às milhares de opções que se postam à nossa frente todos os dias? Se sim, qual é o papel do sujeito neutro em um país de regime democrático representativo, em que a população desempenha uma função ativa na escolha de seus representantes?
Por certo, o sujeito neutro terá de esconder-se às sombras de um discurso qualquer, terá que realizar malabarismos para não proferir sua opinião, e o pior, terá de concordar com o resto das pessoas, terceirizando a sua voz… A neutralidade é muito discutida em diversas áreas do conhecimento, principalmente por não haver consenso sobre a sua verdadeira existência. Somos seres predispostos, vivendo em uma sociedade de predisposições.
Classe social, gênero, raça, todas essas intersecções norteiam nossas escolhas e preferências. Embora muitas vezes possamos não aperceber, nosso cotidiano é permeado de decisões que denunciam nossa posição perante à vida, tanto no âmbito individual, quanto no coletivo. Nossa relações respondem por nós, nossas roupas e mesmo nossos desejos mais íntimos. Não há espaço para a neutralidade em nosso país.A vida urge e a sociedade deve movimentar-se com ela, na luz, e não às sombras da indiferença.