Estamos fartas de nossos corpos serem tratados como objetos, nossas vozes serem caladas, e nossas denúncias questionadas. Estamos exaustas de ouvir piadas, comentários e gracejos, de homens vestidos em belos ternos, usando belas gravatas.
Estamos cansadas de repetir nossa versão da história, para todos aqueles que não querem escutar. Passamos a ter aversão desses homens, que em sua melhor roupa, desfilam alianças de ouro na mão direita.
Casados com suas respectivas esposas, comprometidos com o moralismo, com a oratória nos dias de sessão, aplausos, sorrisos, absolutamente teatrais. Deposite sua confiança sim, o que pode dar errado?
Nossos abusadores trabalham conosco, oferecem café e cházinho em seus respectivos gabinetes. São solícitos, cordiais, quem poderia dizer? Entre um elogio e outro, olhares maldosos, de cima a baixo. Um pedaço de carne, é assim que somos vistas. E dói, olhar para esse mundo majoritariamente masculino, e encontrar tanta violência e violação.
A política não é um lugar seguro para as mulheres, o mundo não é. Mentiras recebem belos enfeites e por sua vez, passam despercebidas…Disfarçadas de verdade. Nesse microcosmos, quem tem mais poder é quem dita as regras. Por aqui, a justiça segue sendo apenas uma carta do jogo, mais uma coisa para manipular.
Por aqui, parece que o que acontece em Vegas, fica em Vegas… Será? É com imensa tristeza que escrevo essas palavras, pois sei que esses homens continuam sentados em suas cadeiras, assinando papéis, recebendo congratulações e medalhas.
E nós? Seguiremos aqui, forçando nossa voz, defendendo umas às outras, gerando identificação através de nossas dores, traumas e vivências. Por fim, torcemos para que não sejamos a próxima vítima. Sobrevivendo ao mundo dos homens.
Pelo fim da normalização de práticas abusivas, comentários pífios e sórdidos, assédio, violência verbal e sexual, bem como constrangimento de mulheres no ambiente político.