Fiquei procurando trabalhar com uma nova parte do meu todo, finalmente enchi-me o saco das palavras que ditas outrora soaram tão pertinentes. E essa ânsia, ainda que urgente, é mais cautelosa e tem mais cuidado para invadir os cômodos. Hoje, calçando os sapatinhos da fantasia, talvez consiga enxergar as coisas através de uma ótica mais confortável e bonita. Nem todo dia há de se calçar estes sapatos, nem todo dia há de se encontrar a fantasia.
O tempo me adverte de que, quanto mais conheço, menos sei. Em detrimento disso, tudo parece ruim em vista da métrica, o perfeccionismo torna-se a sombra do cotidiano. Cotidiano este tão bom de se viver. Ah, um horário, uma rotina estabelecida, uma lista! Ah, uma lista!
E até mesmo num singelo ato de elencar tarefas, há de se admitir uma poesia escondida nesse eterno desenrolar de acontecimentos… Como um jardim que atrai a borboleta, espero pacientemente essa brisa juvenil simplesmente se apossar do que faço, em um dia qualquer. Quando ela não vem, sigo a esperar…
Todos os dias penso, que bom que existe o amor para salvar-nos de nós mesmos, os dias de sol para lembrar-nos de respirar, a memória do mar como símbolo de esperança. E que bom que existe um cantinho do mundo a qual pertencemos, em que podemos descansar nosso corpo e relembrar quem verdadeiramente somos.
Um cantinho que pode ser uma pessoa, um texto, um livro, um lugar ou um chá. Podem ser todas essas coisas juntas. Que bom que existem as crianças, que não permitem que abandonemos nossos sonhos, aqueles deixados em “stand-bye”. Que bom que existe o excelente e também o medíocre, para que possamos transitar entre eles, numa simbiose perfeita e sem fim.