Ana D´Avila | A mulher que engoliu o garfo

Era uma comemoração na melhor confeitaria do sofisticado shopping da cidade .Três amigas saúdam a amizade com assuntos cotidianos. Que ia do picante ao moderado. A conversa corria solta sobre  as intimidades de seus casamentos,  vidas profissionais e  pretensões com o viver. Uma delas  loira platinada e, as outras duas, morenas.

Estavam completamente distraídas e absortas com o reencontro. Já fazia cinco anos que não se viam. E o agito do encontro com as novidades ia aos poucos contagiando a todas. O garçon se aproxima e elas pedem chá, sucos e tortas. Uma delícia de morango e creme foi o pedido unânime delas. A bandeja é colocada encima da mesa com pratinhos coloridos, guardanapos e  copos com garfinhos plásticos.

No afã da conversa, Marlô, a loira, colocou na boca um generoso pedaço da torta. Que por sua vez, era doce e apetitoso. O creme misturava-se ao morango. Consumido quase que a dentadas. Quando olhou para o garfinho plástico notou que havia engolido uma pequena parte dele. Aquilo foi tão de repente, que ela nem sentiu nada raspando a garganta. Mas ficou preocupada.

Não contou nada às amigas sobre o sucedido. Despediram-se ao final da tarde. Certas de uma grande e merecida comemoração. Saíram felizes. A não ser a loira platinada que não parava de pensar no garfo engolido. Em casa, reforçou seu estômago com pedaços de pão e leite. O bolo fecal precisava ficar macio para que o garfo finalmente fosse expelido pelas fezes. Com nojo e certa restrição passou a evacuar prestando atenção na defecação.

Pensou: o suco gástrico pelo seu poder destruidor deve ter exterminado o garfo. Ou o pedaço do garfo engolido. Do  prazeroso encontro com as amigas ficou uma lição. O  cuidado que deve-se ter ao comer fora de casa. Principalmente se for usar  talheres de plástico. Bem diferente dos usados em casa.Que são  de metais ou prata.

Os primeiros são frágeis e perigosos Já os demais, garantem total tranquilidade. Tudo nesta vida vale como lição. Cada fato vivido, cada  nova amiga que entra no social da gente nos trazem aprendizado. Não aprendemos só com a genialidade de alguns, mas principalmente pela estória dos mais simples. Cuja existência nos garante  uma vivência plena. A estória do garfo engolido é muito simples e não deixa dúvidas de que a vida também é feita de armadilhas e é, necessário fugir delas. Se elas representam perigo. (Ana D´Avila)

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