O grupo posicionou-se no chão em forma de roda. Eram onze. Deitados,de olhos fechados, esperavam as instruções do mestre. Ele era o professor do elenco.Ali todos eram admiradores de teatro.E agora, queriam ação. Queriam participação. Queriam atuar. O mestre fez silêncio. Em seguida deu a ordem e as atividades começaram. Naquele dia, um céu muito límpido desafiava a todos. E o desejo do palco se materializava.
Precisavam movimento no exercício. Cuja proposta era num longo trajeto, abrirem o portal e encontrar o condutor da luz. Em meio à deliciosa fumaça do incenso de canela seguiram a rota.Os onze agora tinham uma proposta. A primeira peça cuja atuação dependia do sucesso do exercício sugerido pelo mestre.
O professor coordenava os trabalhos cujo foco era estimular a imaginação. A ordem era empreenderem uma viagem. Deveriam encontrar um guru que admirava a natureza. Foram indo em silêncio e em rara perspectiva deslocando-se misticamente pela floresta. Na mata, muitos perigos. E também uma sensação libertadora de independência e plenitude. Zorávia, a mais velha do grupo, sentiu um arrepio ao avistar atrás do morro, a casinha do místico.Estavam próximos.
De mãos dadas e desta vez em pé, rezaram. Uma reza esquisita que até atordoou o grupo e o professor.Todos compreenderam a magia. E foram indo em direção ao morro e à casinha azul,onde morava o guru. Ele tinha imensa barba branca e ensinamentos civilizatórios que fez todos vibrarem. Numa ação presente e compreendida como uma grande bênção. O prazer de atuar, de inventar estórias, de reescrever a vida ,ser muitos em um.
Atrás da casinha entre arbustos e árvores centenárias, o portal se abriu. Luzes coloridas foram vistas como lâmpadas mágicas dançando no espaço nú.Todos cantaram um hino de paz e amor. Entendendo que o amor existe e que o Teatro está vivo para quem acredita em conhecimento e magia.
O caminho de volta foi coroado de êxitos. A cortina de veludo vermelho se fechou sob os aplausos do público. Depois em grupo, voltaram ao palco. Ovacionados lembraram do trajeto pela floresta e na abertura do Portal. Que os levou para além da magia.Que os fez pensarem no prazer. Que só quem tem veia artística é capaz de compreender. Que só quem conhece o Deus Dionísio vibra de alegria em cada atuação. (Ana D´Avila)