A foto acima é emblemática. Na manhã desse sábado, 12 de dezembro de 2020, bem no comecinho dela – por volta das 7h30min, 304 dias apos o afastamento determinado pelo Ministério Público, André Pacheco voltou ao comando da Prefeitura de Viamão. Tal imagem já mostra o "velho" – ou "novo" – mandatário na posição tradicionalmente ocupada por quem dá as cartas no município. Ao lado dele, Nadim Harfouche, compondo a cena que mostra a reconfiguração de poder na Velha Capital.
Enquanto André, segundo fontes, "tenta tomar pé da situação financeira" da Prefeitura, Nadim tem que decidir qual seu futuro. Restam 19 dias apenas, num fim de mandato às avessas para ambos, e com consequências diretas para cerca de 250 mil pessoas.
Eu comentei ontem que pouco ou nada de útil se pode esperar de uma troca dessa dimensão. Aqui e agora reforço minha posição, lembrando que a decisão do desembargador Julio Cesar Finger, do Tribunal de Justiça, vai bagunçar a vida já atribulada da Câmara de Vereadores. Quem duvida é porque já esqueceu do acordão que colocou Nadim no Executivo.
Se André voltou, Nadim reassume como vereador – e é aí que chegamos em Eraldo Roggia (PTB). Ele foi o "operador do esquema" que permitiu a ida do libanês para a Prefeitura, mas para isso, Harfouche foi elevado à condição de presidente do Legislativo. Desde então, Roggia dá as cartas na Casa do Povo como vice em exercício.
São poucos dias até o fim dessa legislatura, mas alguém acredita que o petebista aceitará de boas entregar o poder a Nadim? Basta lembrar que na composição para a Prefeitura estava a condição, imposta por Eraldo, de que, em caso de retorno, o libanês teria que renunciar à presidência.
Queria ser uma mosquinha para ver o comportamento dos nobre Edis. Oficialmente, "esses detalhes serão decididos nesta tarde", conforme fonte ligada a Nadim. Nos bastidores já rola a informação de que os telefones de Nadim, Eraldo, André e outras figuras próximas não param de tocar.
Em tempo: não sei vocês, mas eu não esqueci daquela "visita" de André aos vereadores no exato momento em que confabulavam o futuro da cidade após a morte de Russinho. A conversa virou churrascada noite adentro, com presença que garantiria quórum para aprovar qualquer projeto com maioria absoluta. Mais sinal de proximidade, impossível.
Nadim cumprirá o acordo, uma vez que não ocupará nenhum cargo público nos próximos anos? Peitará Eraldo? Aceitaria uma secretaria na nova-velha gestão de Pacheco? Começa aqui uma nova guerra de vaidades e disputa de poder por muito e ao mesmo tempo tão pouco?
Cabe lembrar que na rádio corredor circula o boato de que Nadim negociava com Bonatto uma secretaria. E com isso volto ao que disse ontem: não vejo para Pacheco nos próximos 19 dias como prefeito mais que a oportunidade de atrapalhar os planos e negociações de Bonatto.
Só sei que não dá para duvidar de nada nesse momento.
Nota
No início desta manhã, a comunicação da Prefeitura publicou a seguinte nota no site oficial:
"O prefeito André Pacheco reassumiu, na manhã deste sábado, o posto de chefe do Executivo viamonense. Logo cedo, retomou as atividades e chegou ao gabinete para dar atenção aos serviços e ações que precisam ser realizados na cidade. André Pacheco disse que vai priorizar a atenção total para a área da Saúde, devido ao momento de crise causado pela Covid-19. Ele segue à frente da Prefeitura de Viamão até o dia 31 deste mês."
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