Uma equipe sem pontas de ofício, mas atuando no 4-2-3-1. Pode dar certo? Na teoria, dificilmente. Na prática, o Grêmio provou com “show de 45 minutos” que futebol não se faz com receita pronta.
Embora o trabalho esteja apenas no início, Renato busca reeditar parte dos conceitos que conduziram o clube às glórias recentes. O principal deles é concentrar as ações na região central do gramado. Afinal, futebol se ganha é no meio-campo.
Volantes que marcam e jogam. Meias se movimentando constantemente e trocando de posição. Jogadores deixando o flanco e tramando “por dentro”. Toques curtos e rápidos, garantindo dinamismo e imprevisibilidade. São táticas individuais que elevam as ações coletivas e reduzem a “dependência” de Suárez. Tomara que não tenha sido um “fato” isolado.
A goleada contra o Novo Hamburgo mostrou que existe vida sem o ponta que corta pro meio e chuta! Pedro Rocha, Éverton, Pepê, Ferreirinha… o ideal é possuir atletas com as mais variadas características possíveis; não havendo, cabe ao treinador extrair o máximo do elenco.
Vina começou como legítimo camisa 11. Fez gol como 9 e participou como camisa 10. Cristaldo foi 7 e meia clássico. Bitello foi 11 e 7. Todos deixando seus pontos de partida e investindo pela faixa central. Pelos lados do campo, a amplitude ficou a cargo dos laterais. Uma lógica finalmente consagrada na Arena!
Futebol é um organismo vivo. Tudo indica que o Grêmio ganhou um Plano B para ampliar o repertório coletivo historicamente carente na Era Renato. Cenas a serem conferidas nos próximos capítulos.
Contra adversários mais gabaritados, porém, talvez a “leveza” da meia-cancha cobre seu preço. Por essas e outras, gostaria de ver Villassanti mais vezes em campo. Será apenas opção técnica? Até parece algo extracampo, né?
No início do ano, apostei em Bitello como o “equilíbrio” do time. Errei! Ele é o Protagonista com P maiúsculo. Tornou-se o “cheque em branco” da equipe. Na plenitude da forma física e técnica, cresceu vertiginosamente atuando nas funções mais avançadas de meio.
No próximo final de semana, a dupla Gre-Nal terá o primeiro “teste forte” da temporada. Um marco importante para sabermos o real estágio das equipes.
Até lá, impossível não citar que o Grêmio tem jogado o fino da bola. É claro que a fragilidade dos times do Gauchão beira o constrangimento.
Todavia, o tricolor — na relação com ele próprio —, mostra que o torcedor pode e deve sonhar com um 2023 que resgate o sorriso da Nação de 3 Cores. Depois da tempestade, que venha a bonança…