Bolsonaro ainda tem o apoio de 27% da população porque, apesar da miséria, da inflação e da desesperança, esse é o contingente que o admira pelo que ele é.
A economia quebrada, o desemprego, a taxa criminosa da luz, o preço do gás e da gasolina, a fome, quase nada disso conta para quem tem tudo ou pensa que tem.
O que conta para a maioria desses 27% é que Bolsonaro poderia ser um daqueles policiais que mataram o trabalhador na câmara de gás do camburão.
Esses 27% admiram Bolsonaro porque ele admira torturadores e odeia gays, índios e negros, e não necessariamente por causa do seu governo.
Não há como expressar apoio a Bolsonaro sem ignorar sua essência como aberração humana, provada e reafirmada na pandemia.
Se fosse outro que pensasse como Bolsonaro e estivesse no poder, teria o mesmo apoio dessa gente.
Não de todos os que erraram em 2018, mas dos que insistem agora em continuar com ele.
Não dos desinformados e manipulados, mas dos muito bem informados, que acreditam mesmo num líder orientado por Deus acima de tudo, mas com vínculos com a violência e a morte.
Não se espere que muitos desses 27% (que no Rio Grande do Sul são muito mais) deixem de admirar Bolsonaro, porque Bolsonaro só existe como figura pública porque eles asseguram sua existência.
Bolsonaro é uma invenção desse contingente do Brasil que muitos achavam que não existia, e não o contrário. A mais cruel, a mais perversa invenção dos brasileiros.