Câmera, close: sai o ex-juiz e entra o Zé Bonitinho da terceira via

Sergio Moro e o governador do RS, Eduardo Leite, no Palácio Piratini | Foto ARQUIVO | Divulgação

Degradaram-se em pouco mais de dois anos todas as certezas em torno de Sergio Moro. Estão chegando, com a intenção de substituí-las, as incertezas de Eduardo Leite.

Moro é um dos grandes fracassos da direita brasileira pretensamente mais chique. Seu tombo tem a altura do pedestal em que foi colocado pela Globo, pela Fiesp, pelo bolsonarismo e por parte do alto Judiciário.

O juiz exemplar como modelo de justiceiro tinha a certeza de que poderia encarcerar Lula e se jogar nos braços de Bolsonaro porque não aconteceria nada.

Sem condições de continuar na magistratura, onde seria desmascarado, teria a proteção das milícias no poder e seguiria em frente.

Tinha a certeza da cobertura efusiva da imprensa e dos aplausos do empresariado e se divertiria com o debate entre juristas amigos entretidos pela falsa controvérsia se os abusos e os delitos que cometia tinham base legal.

Moro tinha certeza de que a discussão da comunidade hermenêutica iria normalizar sua conduta. Debateriam para sempre até se os seus gestos seriam moralmente sustentáveis e, no fim, se todas as imoralidades seriam anistiadas.

Moro acabou sendo o que é. O ex-juiz suspeito enfrenta um drama sem similar na política pós-ditadura.

Fracassou como juiz justiceiro, fracassou como aliado de Bolsonaro. Fracassou como pretendente a uma vaga no Supremo, foi um fracasso como consultor e agora fracassa como candidato a candidato a presidente.

Moro fez, em pouco mais de dois anos, movimentos erráticos que põem em dúvida sua inteligência cognitiva, mais do que seu discernimento político.

Deveria ser candidato a deputado e buscar imunidade, porque irá se incomodar muito nos próximos anos se não tiver a proteção de um mandato.

Como fracassado, o ex-juiz suspeito ficará sem proteção. As elites de áreas variadas que patrocinaram a caçada a Lula para depois, por exclusão, eleger Bolsonaro, não querem saber de derrotados.

O fracasso de Moro é a derrota do Brasil da Fiesp, do mercado e dos banqueiros acumpliciados com grileiros, garimpeiros, contrabandistas, sonegadores, poluidores, milicianos e militares das vacinas.

Moro não perde sozinho. É mais do que o fracasso do lavajatismo, é a degradação moral de parte do Judiciário a serviço do poder econômico e da direita bem-nascida absorvida pela chinelagem do bolsonarismo.

Eduardo Leite, que sobe ao palco para tentar salvar a terceira via, tem a missão de empurrar Moro para o lado e preocupar Bolsonaro. É ex-bolsonarista e se sustenta no governo gaúcho sobre uma base com origem no bolsonarismo.

Mas se apresenta como um neoliberal fofo, porque vendeu tudo o que podia ser vendido no Rio Grande do Sul, abriu a porteira para a boiada tomar conta do meio ambiente e se habilitou a ser o que Moro, Luciano Huck, Rodrigo Pacheco, Luiz Eduardo Mandetta, Ciro Gomes e Simone Tebet não conseguiram ser.

Leite chega para tentar parecer o que não é, com sua performance de Zé Bonitinho. Tem pinta, tem voz, tem claque e tem topete. É o que a direita merece no momento.

Câmera, close. A terceira via talvez ainda não tenha um bom candidato, mas tem mais um bom personagem.

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