Carlos Alberto Decotelli, o quase ministro negro de Bolsonaro

Carlos Alberto Decotelli, nascido no Rio de Janeiro, é economista e docente, o  mesmo foi nomeado ministro da educação no governo fascista de Jair Bolsonaro. O primeiro ministro negro da atual gestão, não durou muito tempo. Renunciou o cargo em virtude de uma série de ilicitudes em seu currículo lattes, que constavam formações acadêmicas nunca concluídas e muito menos cursadas.

Quanto teatro estava se armando na nomeação do então ministro da educação para diminuir a imagem do fascismo e fazer que os discursos de ódios, as falas preconceituosas do presidente caíssem no esquecimento. E, assim, fazer com que as pessoas acreditassem que aquilo era “mimimi da esquerda”.

Porém, seu título de doutorado  na Universidade Nacional de Rosário (Argentina) nunca existiu, devido a sua reprovação na tese. E sua dissertação foi considerada plágio, inviabilizando a ocupação do Ministério.

Decotelli não foi o único na atual gestão a se apresentar com títulos acadêmicos "inflados". Ricardo Véles Rodríguez, também da Educação, tinha no seu currículo 22 informações falsas. Na sequência temos Damares Alves (ministra da mulher, família e dos direitos humanos), Ricardo Salles (ministro do Meio Ambiente) e Abraham Weintraub, que saiu por má gestão do MEC, que sequer recebeu algum título e ainda foi acusado de plágio.

O grande 'X' da questão pela não posse do primeiro ministro negro na era fascista e classista é que Decotelli não se deu por conta de que não pertence à classe dominante. Já dizia psiquiatra Frantz Fanon “ O homem negro não é um homem, é um homem negro”.

A não ocupação do cargo deixa bem claro as diferenças raciais. Quando um homem negro comete um erro, este não é somente dele, mas sim de todas as pessoas da mesma etnia. Sendo assim, nos mostra o quanto é importante adquirimos conhecimento sobre temas, conteúdo que promovam o debate sobre racismo e suas formas de perpetuação na sociedade. Os homens são avaliados de formas diferentes. Branco é analisado individualmente e questionado pelas suas atitudes de forma isolada, diferente do negro, que é visto no geral como a representação do seu povo.

Nem sempre é assim que acontece, muitos fogem das suas culturas pra servir brancos eurocêntricos. O governo fascista queria nada mais, nada menos que testar nossa capacidade intelectual para ratificar o que pensam sobre nós, negros. É o memorável “ É isso que falamos, estão vendo como eles são?”.

Um negro que vive num sistema branco “elitizado”, feito para manter privilégios brancos e que não aceita qualquer impropriedade, sempre sofrerá questionamentos seguidos de julgamentos pesados.

Decotelli acreditou que, ocupando a vaga de no ministério, poderia passar pano nas próprias mentiras (com ajuda de uma estrutura dominada por brancos e poderosos), mas cometeu um grande erro, pois adestrado de forma intelectual  pelo eurocentrismo, mentiu para si mesmo ao crer que pertencia a este grupo fascista.

O então quase ministro nos mostrou o quanto nós, militantes dos movimentos negros, devemos continuar firmes e fortes na luta contra os diversos tipos de racismo, seja ele cultural, institucional ou outros. Ou seja, o primeiro passo, e o mais importante, é a conscientização do povo negro, trabalharmos nas origens.

Pra finalizar, deixo uma lição: nunca entre em um grupo ao qual você não pertence. Porque se alguém tiver que ser expulso, esse alguém será você.

 

*As publicações nos espaços de opinião são responsabilidades de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Diário de Viamão.

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