A população brasileira parece começar a enxergar uma luz no final do túnel do pavoroso 2020. São boas as notícias no que diz respeito à aplicação no Brasil de um antídoto contra o grande vilão desse ano desfavorável, o Coronavírus. Uma parceria entre o Ministério da Saúde com a Universidade de Oxford e a empresa britânica da indústria farmacêutica AstraZeneca promete à população brasileira a aplicação de uma vacina até o final do ano. Seriam 100 milhões de doses seriam destinadas aos pacientes do Sistema Único de Saúde.
Assim, estamos saindo de um sombrio agosto avistando a luz do farol, a luz no túnel. Bio- Manguinhos foi escolhido como instituto da Fiocruz para a fabricação da vacina desenvolvida nos Estados Unidos. A instituição receberá o ingrediente farmacêutico ativo (IFA), a vacina concentrada. “A partir daí nós faremos a formulação, vamos envasar, rotular e distribuir”, explicou a vice-diretora de qualidade de Bio-Manguinhos, Rosane Cuber.
Outra boa notícia é que a Fiocruz está se preparando para fabricar a vacina já que correrá também a transferência de tecnologia que permitirá que toda a produção ocorra em solo brasileiro. “O objetivo é o país ser independente”, completou. Ainda não estão definidos quais serão os grupos que receberão as doses inicialmente. O que determinará essa “hierarquia” serão os estudos clínicos que ainda estão em análise. A ideia do Ministério da Saúde é que todas as pessoas recebam as doses de forma gratuita. Os estudos clínicos também definirão com mais clareza quais as contraindicações da fórmula.
Outra notícia positiva diz respeito aos estudos divulgados por Oxford. Os voluntários participantes da pesquisa desenvolveram os anticorpos que neutralizam o vírus a uma taxa de 91 a cada 100. A dúvida que permanece diz repeito à duração da imunidade, o que ainda não está claro. Os estudos iniciais apontam que uma dose poderá ser o suficiente para curar, principalmente avaliando as características do vetor. “Diferentemente de outros vírus, como o da Influenza, o Coronavírus não sofre muitas mutações”, explicou a cientista. Conforme os estudos, as pessoas ficariam imunizadas por pelo menos seis meses depois da aplicação.
Também por isso o acesso do Brasil ao tão esperado antídoto não se dará sem um grande investimento do governo federal. Apenas para envasar o “líquido sagrado” são projetados investimentos de R$ 522 milhões. A adaptação dos laboratórios nacionais deverá custar mais cerca de R$ 100 milhões. Entretanto o grande custo diz respeito aos insumos, que custariam aos cofres públicos cerca de R$ 1,3 bilhão.
Vale a pena lembrar a população que a auspiciosa notícia não deve representar um relaxamento no que diz respeito ao distanciamento e a utilização de máscaras. A aproximação de uma vacina é apenas uma das bases do combate à pandemia que já extirpou mais de 120 mil vidas só no Brasil. A testagem massiva, que deveria ser realizada pelo governo, é uma das principais estratégias para que os infectados possam ser isolados e tratados inicialmente, evitando assim que contagiem outras pessoas.
Em um momento de tanta proximidade à vacina, não podemos vacilar. Essa é a hora de ficarmos muito atentos aos protocolos diários que passaram a fazer parte da rotina da população brasileira, principalmente no que diz respeito à limpeza das mãos e à utilização de equipamentos de proteção. Os dados relativos aos óbitos no Brasil demonstram redução pela primeira vez desde o início da pandemia. A cidade de Viamão também mostra evolução no quadro pandêmico. A projeção inicial é de que vacinação em massa para toda a população deverá começar a ocorrer em 2021 ou 2022. Enquanto isso, tenhamos prudência para não entregarmos a partida por nossas vidas já nos acréscimos, usando da linguagem futebolística que é tão familiar ao povo brasileiro.