DEAM fará mutirão para atender crimes de estupro

Delegada titular da Deam Viamão, Jeiselaure de Souza, que assumiu o cargo em julho deste ano / foto: Bruna Lopes

Infelizmente, é alto o número de procedimentos – mais de quatro mil – em andamento na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Viamão. Destes, 200 são relacionados a estupro. Por isso, a delegada titular, Jeiselaure de Souza, pretende iniciar um mutirão para priorizar estes casos, principalmente aqueles que envolvem abuso de vulnerável.

— Somos uma equipe pequena de cinco policiais (dois para o cartório, um no plantão para registro de ocorrência e dois no serviço de investigação) e, por isso, é claro que falta estrutura e pessoal para atender os casos. Diferente de Porto Alegre, que tem mais delegacias especializadas, como dos idosos, das crianças, aqui não. Nós ficamos com todos os casos. Mesmo assim, quero fazer um mutirão para dar prioridade aos casos de estupros a menores e com necessidades especiais — conta Jeiselaure, que assumiu o cargo em julho deste ano.

Apesar das constantes campanhas contra a violência, em Viamão, o que aumentou, na verdade, para a delegada, não foi o número de casos registrados, mas sim a coragem das mulheres em denunciar os abusos que sofrem.

— Não é que acontecem mais casos agora. É que as mulheres estão denunciando mais. Nós trabalhamos com cifras ocultas. Dificilmente saberemos a real proporção disso tudo, pois muitas ainda têm medo e vergonha de denunciar.

Para garantir que as vítimas possam efetivamente sair do ciclo de violência, a Deam faz um trabalho de acolhimento, com apoio psicológico e, nos casos em que é necessário, com parceria com o Conselho Tutelar.

— Através de uma parceria com a prefeitura, as mulheres já saem daqui com atendimento psicológico agendado. Ainda há muitos casos de reconciliação em que as mulheres não conseguem romper o ciclo de violência. Tem mulheres que até denunciam e depois pagam a fiança do marido. Por isso é tão importante este suporte — diz.

O projeto Primeiro Passo, que acontece em parceria com o Ministério Público de Viamão, também foi desenvolvido para dar apoio às mulheres.

— Ele acontece a cada 15 dias, no fórum, e nós as reunimos para explicar como vai ser o procedimento judicial, tirar dúvidas, dar encorajamento, convidamos o serviço social e patrulha da Maria da Penha — explica a delegada.

TRÊS ANOS DE DEAM VIAMÃO

No dia 25 deste mês, a Deam completa três anos de existência em Viamão e um evento especial está sendo preparado.

— Serão 16 dias de ativismo para falarmos sobre a violência contra a mulher. E uma das idéias é fazer parcerias com escolas, para que possamos explicar também para as jovens que a violência não se restringe apenas ao físico. Existem muitos tipos de violência pelos quais as jovens passam e não sabem. Queremos fazer palestras em públicas estaduais, municipais e particulares. Eu sempre digo que a violência não tem classe social.

A delegada adianta ainda que até o final do ano, possivelmente, a Deam irá trocar de sede.

— Iremos para o prédio onde funcionava o antigo fórum, no Centro. Será muito melhor, poderemos ter salas separadas e as mulheres ficarão bem mais à vontade do que ficam hoje aqui, que basicamente fica tudo integrado. Será um grande avanço.

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