Não pode haver populismo ou caça-cliques no que envolve a votação do socorro ao sistema coletivo de transporte de Viamão, que será votado nesta quinta-feira (26) na Câmara. O ‘sincericídio’ precisa fazer-se presente entre os 21 vereadores eleitos pelo povo.
Tirem os demagogos da sala, porque é hora da ‘pauta-bomba’:
Algo tem que acontecer, seria como um ‘SUS do transporte coletivo’. Contudo, além de debater o aporte de R$ 5 milhões para a Empresa Viamão – e além da redução de tarifa -, é preciso pensar no futuro.
Esses remédios só atacam problema, não a causa. Uma das urgênicas a longo prazo é atropelar distorções existentes nas gratuidades das viagens. Não para usuários acima de 66 anos, o que é competência federal, mas entre 60 e 65, além de estudantes, que pagam metade da tarifa.
Uma sugestão mais ousada e que já é estudada por prefeitos da região é a ‘tarifa zero’, ou a preços simbólicos, como R$ 1 ou R$ 2, bancada por subsídios públicos à concessionária do transporte coletivo. O dinheiro viria de orçamento municipal, ou da criação de uma taxa cobrada junto ao IPTU, como a de lixo e iluminação.
São medidas, mesmo que impopulares.
Fato é que a ‘ideologia dos números’ evidencia que o transporte coletivo terá que entrar nos orçamentos das prefeituras, principalmente sem a liberação de um socorro federal a estados e municípios. Veto do presidente Jair Bolsonaro cancelou repasse para as maiores cidades.
É justamente a expectativa do aporte federal – que não veio – uma das causas do subsísido de R$ 5 milhões para a Empresa Viamão.
O debate está colocado: a inevitável ‘institucionalização do subsídio’. Torço que a discussão não seja rebaixada ao “deixa aumentar a passagem que o povo usa Uber” – falsidade cometida por desinformados e informados do mal. Seria infantil, não fosse injusto, comparar o gasto de um trabalhador que utiliza ônibus diariamente com o de alguém que chama o aplicativo apenas quando precisa.
Fato é que nem a chegada do 2022 eleitoral vai estacionar o debate. Já vá perguntando a seu político(a) de estimação o que ele(a) faria se estivesse hoje sentado(a) na cadeira principal do palacinho; e/ou o que vai sugerir para a passagem dos ‘branquinhos’ não passar dos R$ 7.
Ao fim, como vemos, o transporte coletivo é um assunto posto, não resolvido. Certo apenas é que não dá para ser contra subsídio e deixar a passagem simplesmente aumentar, como acontece com as intermunicipais. Nunca é hora de fake news, e especialmente agora não há espaço para populistas ou caçadores de cliques.