Prefeito voltou à Câmara para falar do polêmico projeto que mudar o destino da área da antiga fábrica da Mu-mu
Pouco antes das 16h, a escadaria em frente à Câmara já contava com diversos alunos, pais e professores da escola estadual Santa Isabel – a famosa Escola da Bica. Com cartazes e faixas, faziam o protesto que lhes cabia: são contra a doação de uma área já doada à escola para a construção da sede do CDL de Viamão.
A direção da Bica chegou a usar a tribuna pedindo que os vereadores votassem contra o projeto de lei que revoga a doação original, feita em 2009.
– Já temos um recurso disponível de R$ 70 mil que veio do Ministério da Educação para o projeto de um quadra coberta no local – conta o vice-diretor da escola, Rodrigo Chaves.
– Só dependemos do Registro de Imóveis.
O município quer retomar parte da área e doá-la ao CDL de Viamão, para construção de uma sede para entidade.
E esse é o impasse.
Doação não foi regularizada
Em 2009, durante o governo de Alex Boscaini (PT), a escola recebeu a doação da área através da lei 1380/2009. O registro da doação no Cartório de Registro de Imóveis, no entanto, não foi feito – o que significa que, na prática, a área ainda pertence ao município.
– Vamos dialogar com a direção da escola e com a 28ª Coordenadoria de Educação – disse o prefeito Valdir Bonatto, ontem.
– Temos condições de compatibilizar a situação.
Para o prefeito, uma solução mediada pode resolver o conflito. A disputa política, no entanto, parece permear a discussão. Ainda ontem, o vereador eleito pelo PT, Adão Pretto Filho, e o vereador Eliseu Chaves, do Ridi, também do PT, mantinham posição de que a área toda deve permanecer sob o cuidado da escola – mesmo que o Estado já tenha se manifestado claramente sobre a falta de recursos para começar a obra da quadra coberta.
Amanhã, vereadores vão até à escola da Bica conhecer pessoalmente a área.
Em seguida, o Masterplan
A ida do prefeito à Câmara, no entanto, teve a ver com o segundo item impresso à pauta: o uso da área da antiga fábrica da Mu-mu, na Viamópolis.
Bonatto reforçou o discurso do desenvolvimento que o projeto – denominado Masterplan Viamópolis – trará para região.
– A conformação urbana que se estabeleceu ali não permite a continuidade da atividade industrial que tinha antigamente. Por isso a fábrica saiu. Um novo centro de convício, negócios, moradia e serviços vai trazer crescimento para todo o bairro, para toda Viamão. É isso que buscamos – diz o prefeito.
A proposta ainda sobre resistência pública da bancada do PT e de Zé Lima, do Solidariedade. Veladamente, aliados do governo usam o projeto – considerado simbólico da gestão de Bonatto -, para ampliar o poder de barganha sobre a participação no novo governo, o de André Pacheco, a partir do ano que vem.
Se o problema é político, o prefeito tem lidado politicamente com o caso.
– A vitória do nosso projeto nas urnas diz o caminho do desenvolvimento que a cidade espera seguir – vem repetindo.
A votação do projeto ainda não tem data definida para acontecer. Mais três audiências com o governo devem ser feitas na Câmara, ouvindo secretários ou servidores do município sobre aspectos específicos do projeto.
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Em vídeo, Bonatto defende Masterplan Viamópolis
Para conhecer os argumentos do prefeito Valdir Bonatto sobre o Masterplan Viamópolis, assista ao vídeo a seguir: