Em nome do acordão: sem mandato em 2021, Nadim sai da cena política pela porta dos fundos; entenda

Em 1º de agosto desse interminável 2020, escrevi na coluna Acordão político coloca Nadim Harfouche na Prefeitura e Eraldo Roggia na presidência da Câmara que o futuro/já ex-prefeito em exercício tinha feito uma exigência e uma concessão ao aceitar a missão de assumir o Executivo. O vereador do PSL só atravessaria a rua se tivesse apoio para concorrer a prefeito. O colega do PTB, que por conta da manobra ficou com a presidência interina do Legislativo, também se garantiu: em caso de uma volta de André Pacheco, Harfouche não poderia se valer de sua prerrogativa legal e tomar de Roggia a mesa diretora da “Casa do Povo”.

Até hoje, quatro meses depois, ninguém apareceu para desmentir.

Eraldo não cumpriu o que prometeu a Nadim. Ao melhor estilo D’Alessandro, o petebista “pulou da barca” e apoiou o PSDB ao ver que Valdir Bonatto tinha mais chances de vencer. Na chapa do PSL, teria a indicação do nome para vice. Com os tucanos, aceitou apenas compor.

Pacheco completou uma semana de volta na cadeira, e o libanês (termo que exalta sua origem, sem nenhum tom pejorativo) sumiu dos holofotes. Na coluna citada no início desse parágrafo, especulei qual seria a postura de Harfouche ao deixar o gabinete. Ao que parece agora – mesmo traído por Eraldo – o ex-prefeito em exercício honrou a palavra dada em agosto.

Restam 10 dias para o fim do ano e da legislatura. Nadim não quis o desgaste. Seria brigar por um poder que não levaria a lugar nenhum, uma vez que o libanês não estará na Câmara em 2021. E fontes garantem que mesmo o homem do PSL tendo ficado à deriva na Prefeitura e na campanha, foi “divórcio amigável com Eraldo”.

Sem mágoas pela traição.

“Com Supremo, com tudo”, o grande acordo que reacomodou as relações de poder em Viamão após a morte de Russinho segue em curso. Adjetivos e nomes à parte, fato é que Nadim não assumirá o comando do Legislativo. E a saída encontrada, coincidência ou não, é a mesma usada por Dilamar de Jesus (PSB) para fugir da responsabilidade pela Prefeitura – e que ironicamente colocou Harfouche no impasse do momento: um atestado médico. Para quem não lembra, resumo aqui

É o próprio Nadim que afirma, ao liberar nota dizendo que “vai descansar neste final de ano e focar no cuidado de sua saúde”. “Por orientação médica”, é claro!

Abaixo, você pode ler na íntegra o texto recebido pela coluna no sábado (19). Antes, preciso lamentar a decisão de Nadim. Um homem público com pelo menos 20 anos de disputas eleitorais – que acabou dobrado pelos interesses políticos, é verdade – não merecia ser desprestigiado de tal forma. Primeiro foi o grupo “aliado”, que não entregou o que lhe foi vendido e ainda o deixou a Deus dará na campanha; Depois, o próprio Nadim completou o serviço ao se esconder debaixo de um jaleco médico.

Usar a tática de Dilamar para se eximir da responsabilidade é autofagia, é agredir a própria biografia. Equivale a deixa a cena política, mesmo que momentaneamente, pela porta dos fundos.

Aos que entendem que exagero no tom da cobrança, pergunto: se André não tivesse voltado, vocês acreditam que Nadim deixaria a Prefeitura mais cedo – antes de 31 de dezembro – para se tratar?

 

 

Eis a nota:

 

“O vereador Nadim Harfouche informa, através de nota, que não reassume a cadeira de vereador neste final de ano. O agora ex-prefeito, por orientação médica, vai descansar neste final de ano e focar no cuidado de sua saúde.

Nadim assumiu a responsabilidade de virar prefeito no pior momento político que a cidade de Viamão já enfrentou. Prefeito eleito afastado por problemas com a justiça, vice morto (SIC) pelo covid-19 e presidente da Câmara afastado por problemas de saúde.

Nadim deseja sorte ao prefeito André, que retornou ao cargo no último do 12, bem como ao prefeito eleito, Valdir Bonatto, e faz votos que a cidade possa evoluir nos próximos quatro anos.

Nadim cuida agora de sua saúde, com o sentimento de dever cumprido para com a cidade e seus munícipes, pelo menos neste ano de 2020.”

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