O futebol é apaixonante justamente por isso! Dez em cada nove torcedores ou admiradores do esporte bretão apostavam em uma vitória do Flamengo no Maracanã. Outros tantos temiam ou torciam para uma goleada do time do até então invicto Renato Portaluppi contra o seu tradicional adversário, o Inter.
Amigos, colegas, familiares e até mesmo o chefe duvidavam do meu singelo prognóstico: “O Flamengo cede muito espaço para o contragolpe. Não tem a pressão após a perda da época de Jorge Jesus”, repeti ao longo de toda a semana. Disse, ainda, que o “Fator Renato” era uma motivação extra aos comandados de Aguirre.
O treinador uruguaio foi cirúrgico. Ao contrário do que ocorreu com ABC e Corinthians, por exemplo, o Inter fez o certo: preparou-se para um jogo atípico. Reconhecendo a supremacia do rival, mandou a campo Dourado e Lindoso. Eu pensava parecido ao defender a presença de três zagueiros com variação para linha defensiva de cinco.
Futebol mais do que nunca é a arte de encontrar espaços. E nenhuma outra escola brasileira é mais pródiga em negá-los do que a gaúcha. Entretanto, quem joga para empatar, fatalmente será derrotado. Eis o mérito: transição veloz, contragolpe letal. Liberdade para Taison e Yuri Alberto.
“Tem que mandar muita gente embora, os caras se acostumaram com a derrota”. Outro exagero que combato semanalmente ao citar o exemplo de Marcelo Grohe no Grêmio. O elenco do Inter é muito bom para o nível sul-americano. Tomara que a jornada apoteótica contra os milionários do Flamengo marque um novo momento para os vermelhos na temporada.
Para o amanhã, porém, é preciso investir no repertório. Contra os mais frágeis, é preciso propor. A dobrada Lindoso e Dourado, por exemplo, seria equívoco.
Edenílson deve voltar à região central. Palácios é o ficha um para assumir o lado direito.
Voltando ao jogo do Maraca, somente o peru morre na véspera. Futebol não é apenas o exercício da técnica, existem outras valências. É preciso respeitar o futebol gaúcho em qualquer circunstância. É preciso respeitar, ainda, a grandeza do S.C. Internacional.
Enfim…
Lições eternas de um quatrilho imprevisível.