Está certo, prefeito, o Colônia Itapuã ’não vai fechar’, mas e a maternidade? Prefeitura quer doar área para hospital privado

IMAGEM: CMV/Divulgação

Não pegou bem na cidade a decisão do prefeito Bonatto em apoiar o que ele chama de "humanização" do atendimento aos pacientes do Hospital Colônia Itapuã (HCI) . A medida, que na prática encaminharia a estrutura para um fechamento ao final de 2022, recebeu, aliás, muitas críticas da mídia estadual. O site GZH, que a Prefeitura de Viamão adora alardear quando alguma pauta local ganha meia dúzia de linhas, fez duras críticas à medida.

Bonatto não está sozinho nesta ideia. O fim do Colônia Itapuã também é desejo do governador Eduardo Leite. Contudo, o chefe do Executivo da Velha Capital está "apanhando" sozinho. Para amenizar os efeitos, o tucano local usou suas redes pessoais na internet para dizer que "não é bem assim". Garante que a tal reorganização da política de atendimento à saúde na cidade não prevê o pior aos residentes do HCI.

Acontece que trazer esta polêmica de volta à pauta é colocar o chamado bode na sala sobre outra questão maior que acaba de nascer. Ontem (25), o prefeito levou à Câmara projeto de lei com o qual pretende compra uma área de 8,4 mil m² para a ampliação do Hospital Viamão (HV). Os recursos, cerca de R$ 4 milhões, seriam arrecadados mediante leilão de imóveis públicos.

"A Saúde tem pressa e não vamos medir esforços para aumentar os equipamentos públicos", escreveu Bonatto.
Acontece que nesse caso a pressa não é bem-vinda. Não é, mesmo!

Só para lembrar, A Prefeitura, no início da gestão, realizou convênios com o HV. O primeiro, em março, permitiu a abertura de leitos para enfrentamento da COVID-19. No segundo, criou uma espécie de Unidade Básica de Saúde dentro do hospital, para desafogar a emergência. Agora fala em investir mais R$ 4 milhões.
Sem licitação!

Essa operação envolvendo a área do HV é desejo antigo de Bonatto, inclusive a tentou quando ocupou o Executivo pela primeira vez. Agora, reedita a proposta. Com dois bodes, ou melhor, "acréscimos": o fechamento do Itapuã e o fechamento da única maternidade de Viamão
Aos que esqueceram ou não sabiam, quem vive na Velha Capital tem que ir de ambulância até Alvorada para terem seus filhos.

Antes que confundam, não sou inimigo do povo, nem contra hospital maior e melhor. O bode que trago à sala recai em cima dos bodes que Bonatto levou à Câmara: a que preço? O que será necessário para tanto?

Deixo mais perguntas:

Quem vai administrar?

O tereno será doado, cedido ao gestor do hospital?

Quem paga o prédio?

O atendimento será 100% SUS?

 

Sendo assim, espero que o "cuidar das pessoas", muito repetido por Bonatto, vá além dos números. Principalmente na Saúde, onde não se pode olhar apenas para ampliações de áreas físicas ou cifras.

 – O imóvel que se pretende adquirir possui uma localização privilegiada, pois situa-se numa área central, o que facilitará as relações harmônicas internas e o acesso do público – justifica Valdir Bonatto.

Pouco importa se é viável para o HV uma maternidade em Viamão e outra em Alvorada. Essas questões de gestão não podem ser levadas em conta quando se trata da vida da população. Se a Prefeitura pretende investir mais R$ 4 milhões, ainda que fique de posse da área e das instalações, junto a uma estrutura privada, o mínimo que tem a fazer é exigir a volta da maternidade para Viamão.

E a Câmara… vai cobrar?
E o povo… será consultado? 

Quem puxa o coro?

 

O PROJETO DE LEI:

 

O projeto de lei 187/2021 autoriza o Poder Executivo Municipal a adquirir o imóvel, um terreno com área superficial de oito mil quatrocentos e setenta e oito metros quadrados e cinquenta e seis decímetros quadrados (8 478. 56 m2), situado no distrito sede zona urbana de Viamão. Se aprovado, o município astará liberado para desafetar, desmembrar, permutar e alienar por venda 11 imóveis de propriedade do município de Viamão, por meio de processo licitatório na mobilidade de Concorrência Pública. A aquisição das propriedades tem a finalidade para ampliação de Hospital em Viamão.

A aquisição será formalizada por intermédio de escritura pública de compra e venda e posterior registro na matrícula do imóvel, mediante o pagamento de até R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais).

A proposição deixa explicado que a realização do processo licitatório para a compra do imóvel ficará dispensada.

 

A coluna entrou em contato com a direção do HV buscando informações sobre a maternidade, mas não obteve retorno até a publicação.

 

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