Faltam 2 mil leitos: Frente Parlamentar pode tratar da perda de 81 leitos em 2 anos no Vale do Gravataí

Acerta o vereador Cláudio Ávila (PSD) ao propor uma Frente Parlamentar para a Câmara tratar do déficit de leitos SUS na região do Vale do Gravataí. O colegiado reunirá um representante por bancada, o que garante espaço para oposição, à qual lidera, e o governo.

Já tinha alertado para o fechamento de leitos de UTI pelo corte de financiamento pelo governo Jair Bolsonaro, em Gravataí terá leitos de UTI fechados; O ’fim da pandemia’.

A proposição do parlamentar se justifica pela perda de 81 leitos entre os hospitais de Gravataí, Cachoeirinha, Alvorada e Viamão, nos últimos dois anos, para além das unidades de tratamento intensivo fechadas no ‘pós-pandemia’.

O dado é do DATASUS e faz parte dos relatórios do Ministério da Saúde.

– Este é um ano eleitoral, e certamente todos os candidatos ao governo estadual, presidência, ao Congresso ou à Assembleia terão a questão da saúde pública como ponto central dos seus programas de governo. É momento do parlamento de Gravataí ter protagonismo e buscar soluções concretas para um problema que é sentido diariamente pela população. O déficit de leitos vem acompanhado da falta de especialistas e das filas intermináveis por exames e consultas. O investimento no SUS para a região que tem a quarta maior economia do Estado precisa ser prioridade dos próximos governantes – aponta o vereador, em nota.

Conforme levantamento feito pelo jornalista Eduardo Torres, que faz assessoria de comunicação para o político, atualmente, o Hospital Dom João Becker, mantido pela Santa Casa, que também atende à saúde particular e de convênios, conta com 123 leitos SUS. São 11,5% a menos do que em abril de 2020, mesmo com a existência de uma pandemia neste período. Em uma cidade que beira os 300 mil habitantes, é evidente a insuficiência estrutural para atender à demanda, por isso, como reforça o vereador, é preciso tratar o tema regionalmente.

– Temos na região dois hospitais 100% SUS, em Cachoeirinha e em Alvorada. Enquanto vemos em Gravataí a perspectiva de investimentos para ampliação e reestruturação do Dom João Becker, ainda sem que fique claro quanto disso será dedicado ao SUS, não temos uma posição do Estado ou da Fundação Universitária de Cardiologia sobre a perspectiva de ampliação de leitos. É um problema de toda a população da região – argumenta Cláudio Ávila.

Conforme a pesquisa apresentada pelo parlamentar, no Hospital Padre Jeremias, em Cachoeirinha, há apenas 81 leitos SUS – 42% a menos do que dois anos atrás – para atender a um município de 132 mil habitantes e muito mais. A estimativa é de que quase 40% dos atendimentos são de pacientes de fora de Cachoeirinha. Destes, 86% são de Gravataí.

De acordo com o vereador Cláudio Ávila, a intenção com a Frente Parlamentar pela Ampliação de Leitos Hospitalares e Serviços de Saúde no Vale do Gravataí é fomentar o debate e ouvir representantes do Ministério da Saúde, Secretaria Estadual da Saúde e da Secretaria Municipal da Saúde, além dos gestores dos hospitais da região, e apresentar aos candidatos das eleições 2022 o que for diagnosticado neste trabalho.

Protocolado nesta quarta-feira, o projeto de decreto legislativo agora será avaliado pelas comissões na Câmara de Vereadores antes de ser votado em plenário.

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Conforme os dados do DATASUS, o Hospital Dom João Becker tem 123 leitos SUS (era 139 leitos SUS em abril de 2020); o Hospital Padre Jeremias 81 leitos SUS (era 141 leitos SUS em abril de 2020); o Hospital de Alvorada 90 leitos SUS (era 97 leitos SUS em abril de 2020) e o Hospital Caridade de Viamão 277 leitos SUS (eram 275 leitos SUS em abril de 2020).

São 1.548 leitos SUS para 884.458 habitantes, conforme estimativa de 2020 do IBGE. É pior que a média brasileira, que atingida corresponderia a 1.768 leitos. Se fosse obedecido o mínimo exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), seriam necessários 3.536 leitos; um déficit de 1.988. Para efeitos de comparação, fosse o Vale do Gravataí a Alemanha, ou o Japão, e teria 11.492 leitos.

Como o hospital região é uma utopia, a saída real é aumentar a oferta por meio da negociação dos governos e administradores públicos e privados dos hospitais, como, por exemplo, faz o governo Luiz Zaffalon (MDB) com a Santa Casa na construção de leitos de hotelaria no HDJB em área do outro lado da rua dos fundos do hospital.

Reputo acerta Cláudio Ávila porque compromete a Câmara com uma grande pauta, principalmente porque, só nos últimos dois anos, mais de 2 milhões de pessoas voltaram ao SUS porque não consegue pagar planos de saúde.

Quem assiste às ‘sessões relâmpago’ da Câmara de Gravataí pode comprovar que tempo os vereadores tem, já que estão sem pautas e o que mais tem votado são homenagens e projetos de pouca importância.

Ao trabalho, senhoras e senhores!

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