O camisa 9 é tão fora da curva que corresponde a quase meio time. Seria assim em praticamente todas as equipes do Brasil. Obviamente, o Grêmio reduz a sua capacidade técnica sem o uruguaio.
No ataque, não há pivô, parede, tampouco refino. Entretanto, um time que almeja sucesso não pode ser refém das individualidades.
No empate frente ao Bahia, o Tricolor gaúcho demonstrou que existe, sim, vida sem Luisito Suárez! Entretanto, o 1 a 1 obtido no apagar das luzes foi infinitamente melhor que a atuação. Ao menos na lógica do Futebol Além do Resultado.
Ao perder o extraclasse, seria preciso uma nova engenharia ofensiva. Ferreira ou Cuiabano desde o início? Ou até André Henrique, centroavante de carteirinha, para manter a dinâmica de ataque? Quem sabe apenas 2 zagueiros???
Renato apostou na manutenção dos 3 defensores com Vina no comando ofensivo. O desempenho foi exatamente o previsto. É claro que não deu certo, principalmente pela presença do camisa 11.
Sem retenção de bola na peça ofensiva, os laterais não tinham tempo para se desprender. O 3-6-1 virou 5-5-0. Até que, mesmo tardiamente, as alterações corrigiram a mecânica, trouxeram lampejos de bom futebol e culminaram na igualdade do placar.
Para os Renatistas, o empate com sabor de vitória passou pelas trocas do treinador em jornada de Guardiola. Para os críticos, porém, foi a consolidação da velha máxima: treinador que escala mal, mexe bem.
O fato é que o Grêmio mudou para muito melhor com Ferreira e Cuiabano. Ainda mais com Bitello como segundo volante. Antes do gol, o trio já havia criado grande chance pelo lado canhoto em bela triangulação. Escalar os melhores ajuda bastante, né?
A ambição de Renato foi o grande mérito nos últimos minutos — mesmo que a derrota por 1 gol não fosse o pior dos cenários para o jogo decisivo na Arena.
O gol foi assistência de Reinado como ‘ponta-esquerda’. Àquela altura, o Grêmio já atuava com 2 zagueiros. Lateral pisando na área? Repertório ofensivo. Imprevisibilidade. Bola na rede!
Aliás, Reinaldo e João Pedro são acréscimos nas laterais na comparação com as últimas temporadas. A mecânica, porém, pode explorá-los mais no campo ofensivo. Com 3 zagueiros, então, é Obrigação Futebol Clube!
Reforçando a pauta das individualidades, Bitello foi camisa 7, 10, 11 e 8. Mesmo com atuação discreta, participou diretamente do gol de empate.
Carballo, Pepê, Cristaldo… O menos badalado na teoria tornou-se o mais titular de todos no setor: Mathías Villasanti!!! O paraguaio é o ponto de equilíbrio da equipe. Marca e joga. Desarma e arma. Dá assistências e marca gol. O legítimo caso “pouca mídia e muito futebol”.
O oposto de Cristaldo. Sinceramente, não entendo a “paixão” de parte da torcida com o camisa 19. Pelo menos até o momento. Em defesa dele, o 3-5-2 o afasta da região central. Entretanto, mesmo no 4-2-3-1, o argentino ainda não correspondeu às expectativas.
Resumo da ópera…
O empate, mais do que encaminhar a classificação às semifinais da Copa do Brasil, tem um outro grande emblema:
Suaréz eleva o potencial do Grêmio e embala a ambição da torcida. Sem ele, porém, não existe terra arrasada.
Tudo é mais difícil, complicado, complexo. O time vira quase uma equipe comum. Entretanto, existe vida além da Suárezdependência.
Há tempos não víamos um Grêmio tão forte coletivamente. Nesse cenário, Suárez é a cereja do bolo! Quem sabe esteja aí o diferencial de 2023???
Com S9 ou sem ele, o sonho do Hexa na Copa do Brasil está mais vivo do que nunca.
Ainda mais sendo Copa. Ainda mais sendo Grêmio!