São feias as imagens, e mais ainda o cotejo com 56 anos atrás, que roubartilho do Facebook do Wesley Corrêa, mas, não que o comunicador o tenha feito, é tão profundo quanto uma poça de lodo culpar, ou mesmo associar, ‘o povinho’ pela falta de água; que é o que induz, ao leigo no assunto, que vê na tv mais de 100 metros do rio Gravataí cobertos por lixo em Cachoeirinha. Estou errado? Os comentários no Grande Tribunal das Redes Sociais dizem que não.
A denúncia, cumprindo seu papel, foi feita pela Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí ao Ministério Público (MP).
Em entrevista à RBS o prefeito de Cachoeirinha Cristian Wasem (MDB) se enrolou todo, que sabia, não sabia, mas reputo esse é um problema pequeno, perto de uma solução também pequena, por fácil e barata, para a falta de água.
Antes, não dá para esquecer de lembrar que Gravataí está em estado de emergência, e Cachoeirinha em estado de calamidade pública, como reportei no Seguinte: em ‘Guerra pela água’: Cristian decreta calamidade pública em Cachoeirinha; Bill Murray e o “dê-nos água, Leite” e Com perda de 4 milhões na agricultura, Gravataí decreta situação de emergência por conta da estiagem.
Fato é que se limpar agora o rio, não muda nada na falta de água. É mais uma solução emergencial como as que foram tomadas pela Corsan – e, por justiça, confirmo deram certo, como detalho em artigos como ‘Guerra pela água’: estamos vencendo a batalha do verão; Rio Gravataí está a 5 centímetros de sair do ‘nível crítico’ com obras emergenciais da Corsan e Limpeza do canal ‘vilão’ do rio Gravataí é mais uma batalha, mas longe do ‘Dia D’ na ‘guerra pela água’; Dê-nos água, Leite!.
Assim como, apesar de importante, não resolve a Corsan investir em adutoras e estações de tratamento se o Governo do Estado, o responsável legal, não cuidar do rio; enfim: de onde vem a água.
GZH produziu hoje a reportagem Em tempo de estiagem, falta de água na Região Metropolitana é problema de causa estrutural, apontam prefeitos. Talvez pela distância das ‘capitais da falta de água’, que são as nossas cidades, a solução tenha passado às margens da marola da falta de investimentos da, até ontem, grifo, estatal Corsan.
Entre os prefeitos da região que foram ouvidos, apenas Luiz Zaffalon (MDB), de Gravataí, foi ao ponto.
Diz a reportagem:
“O prefeito ainda questiona o porquê de a concessionária não investir no Rio Gravataí. Zaffalon menciona um projeto antigo desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que até hoje não saiu do papel.
– O projeto mostra que 13 microbarragens implantadas tornariam a vazão do rio permanente. Até hoje, nada foi feito”.
Nas respostas aos questionamentos dos prefeitos, a reportagem esqueceu as justificativas para essa.
E essa tem nome: Eduardo Leite.
O governador chega ao segundo mandato tendo nas mãos, pronta de outros governos que também não a executaram, uma solução barata para devolver água ao rio Gravataí.
Dinheiro não vai faltar. Vendeu a Corsan por R$ 4,1 bilhões; R$ 2 bi a menos do que precificava consultoria contratada pelo Senge-RS (Sindicato dos Engenheiros do Estado). Em proposta única, a Aegea foi a vencedora com ágio simbólico de apenas 1,15%.
É por isso que o chato aqui vai insistir na cobrança já feita em série de artigos sobre a ‘guerra da água’: a (nem tão grande assim) grande obra para enfrentar a falta de água é das 13 microbarragens no rio Gravataí.
A Metroplan (Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional) tem recursos destinados, mas desde 2018 não conclui o estudo de impacto ambiental (EIA/Rima), para o qual a empresa Ecossis Soluções Ambientais venceu o processo licitatório por R$ 400 mil. Os R$ 5 milhões para a obra já eram previstos em 2012, no PAC da Prevenção.
É consenso entre quem conhece o rio que o problema do Gravataí não é de falta de chuva e sim de represamento da água.
A prova de que as barragens são a solução é que a construção de uma contenção, uma espécie de barragem, feita emergencialmente pela Corsan no Mato Alto, em Gravataí, e a limpeza do canal do DNOS, fizeram em 15 dias o rio subir do ‘nível zero’ para 1 metro, saindo do “estado crítico”; o que permite captação inclusive para agricultura e indústria.
Ao fim, é raso culpar o ‘povinho’ que joga lixo na rua, e a sujeita acaba represada no rio seco, e, observem nos comentários nas redes sociais a associação direta feita entre essas pessoas e o ‘pobre’.
É uma realidade, mas desvia o noticiário do principal.
Ao fim, concluo pela enésima vez como em A ‘guerra pela água’ no rio Gravataí: lacrada arrozeira que capta 5 vezes mais que a Corsan; Saídas há, para além da tentação de proibir. Dê-nos água, governador Leite!: “se Leite quiser, água não vai faltar, caso as microbarragens sejam feitas. Os R$ 5 milhões são troco na relação com os impactos econômicos e sociais da falta de água anual”.
#Microbarragensjá!
Assista em SEGUINTE TV imagens das obras emergenciais da Corsan: a construção da barragem no Mato Alto e, abaixo, a limpeza do canal do DNOS, que fizeram rio subir 1 metro