Domingo encerra a primeira parte de uma eleição marcada pela consagração das campanhas no mundo virtual. E se a sujeira saiu das ruas, definitivamente, invadiu as redes sociais. O pleito é marcado pela proliferação das fake news. Por isso, o eleitor precisa estar atento para não pagar mico.
Um levantamento do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai), da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que, somente em junho — antes das campanhas esquentarem — 12 milhões de pessoas compartilharam fake news no Brasil. Ao analisar 500 páginas de conteúdos políticos distorcidos e falsos, a pesquisa apontou que cada postagem tinha uma média de 200 curtidas. As fake news não são exatamente novas, e há sinais de influência até mesmo na eleição de 1945, no Brasil. A diferença de 2018 está na velocidade e no alcance delas a partir das redes sociais.
Pois, além das propagandas eleitorais, a multiplicação de informações falsas também serviu para alimentar alguns mitos sobre o voto e, principalmente, a urna eletrônica, que chega a 22 anos de uso sem nenhum caso de fraude. Grupos de Whatsapp e o Facebook são os terrenos férteis para enganar o eleitor no momento de dirigir-se à votação neste domingo.
O Diário lista alguns “mitos” e os esclarece. Neste domingo, fique ligado no Atualizadão da Eleição.
A urna eletrônica
: MITO — Ela foi projetada por empresas; um hacker pode invadi-la; é possível modificar os dados ao transmitir os resultados; os dados não são acessíveis ou auditáveis; não há como testar a segurança do processo eleitoral; somente o Brasil usa a urna eletrônica; não permite a recontagem de votos; a urna eletrônica não deixa rastros.
: VERDADE — A urna foi desenvolvida pelo TSE, com a participação de especialistas dos melhores institutos de tecnologia do país, elas foram criadas sem conectividade em redes, justamente para evitar ataques hackers. Assim que os dados da urna chegam ao TRE, inicia o processo de remoção das camadas de segurança, os dados são totalizados e disponibilizados na internet, assim, é possível comparar os resultados aos boletins de urna fixados nas seções. Desde 2009 são feitos testes públicos para demonstrar a segurança do processo, e desde 2004, tem um dispositivo que permite a auditoria da votação. Pelo menos outros 24 países utilizam votação eletrônica semelhante ao Brasil, incluindo 11 estados dos Estados Unidos, que, inclusive, não imprimem os votos. Não há nenhuma possibilidade de se saber em quem cada eleitor votou.
Voto em branco
: MITO — O voto em branco vai para o candidato que estiver ganhando.
: VERDADE — O voto em branco é a manifestação de que o eleitor não quer eleger nenhum dos candidatos na disputa. Por isso, não é direcionado a ninguém. No momento da contagem, não é considerado um voto válido. Desta forma, podem influenciar indiretamente no resultado da eleição.
Voto nulo
: MITO — Os votos nulos podem anular a eleição.
: VERDADE — Muitos eleitores pensam que é verdade por haver confusão entre voto nulo e nulidade do voto. Os votos nulos não são considerados válidos, e por isso, não contam para o resultado da eleição. Mesmo que a maioria dos votos seja nulo, a eleição não é anulada. Só votos válidos entram na contagem. Já a nulidade do voto acontece quando é confirmada alguma fraude no processo eleitoral, aí a eleição pode ser anulada.
Tem que votar para todos os cargos?
: MITO — Se o eleitor votar somente para presidente, ou governador, ou para apenas um dos cinco cargos em disputa, e digitar Branco nos demais, o voto é anulado.
: VERDADE — O eleitor pode votar somente para os cargos que quiser e votar branco ou nulo nos demais cargos. A apuração considera individualmente cada uma das escolhas do eleitor. O voto no candidato será considerado.
Biometria
: MITO — Quem não fez o recadastramento biométrico não pode votar, ou precisa pagar uma multa para votar.
: VERDADE — Exceto nos municípios onde o recadastramento biométrico já é obrigatório, a votação será normal com a apresentação de documento com foto na seção eleitoral. Na Região Metropolitana, o recadastramento já foi completo em Alvorada, Canoas, Eldorado do Sul, Glorinha, Nova Santa Rita e Viamão. Nestes casos, se você não recadastrou, não poderá votar. A regularização será possível após a eleição.
Assinatura na seção eleitoral
: MITO — O mesário pode rasurar ou marcar a assinatura do eleitor e anular o seu voto.
: VERDADE — Informações diferentes da assinatura do eleitor no livro de votação da seção não anulam o voto. A única forma de anular é o próprio eleitor digitar número diferente do candidato no momento de digitar na urna. Este tipo de diferença em relação à assinatura, porém, consiste em crime eleitoral.