Mudanças: vida é como água corrente

Há tempos não escrevo como quem arde, como quem necessita. Há tempos não sinto que algo me atravessa até o fundo do coração, até rasgar a epiderme, até o peito começar a doer. Mas a mudança, os novos ventos, me atravessa.

O modo como as coisas vêm e vão, o modo como tudo é tão fugaz. Estes aspectos da vida me intrigam e, embora me tragam inquietação, também me fazem refletir.

A mudança faz-nos refletir sobre o controle que julgamos ter sobre a vida, olhar para os planos e dar uma risada sarcástica: como quem duvida, como quem não se entrega completamente aos horários, aos objetivos determinados. Em um instante, tudo aquilo que pensávamos ser, não é mais.

O ser humano se debate frente a esta constatação, a necessidade de controle é levada para a terapia, nos adoece querer saber demais de uma vida que nada nos deve, uma vida que não precisa se justificar ou dar satisfações. 

Certa vez li uma frase que jamais esqueci: “lembre-se, a vida não te deve nada!”. E não é a mais pura verdade? Ficamos irados, entristecidos, confusos quando os acontecimentos destoam daquilo que estava detalhadamente escrito em nosso planejamento do ano… castramos a fluidez da vida, colocamos em caixa, esquecemos das variáveis e de tudo o mais… existe muito por trás daquilo que poderia ser, e existe ainda mais por trás daquilo que será. Quais as lindas possibilidades, quão duro pode ser o encontro com essas incertezas?

Se este desabafo, monólogo, fosse uma redação… eu usaria como solução para o nosso problema viver um dia de cada vez. Na correria do dia a dia, ficamos atados em planos futuros e esquecemos de aproveitar o que se apresenta hoje.

A mudança torna-se tão misteriosa porque não nos entregamos a ela, não trocamos a rota na ida para o trabalho, não aceitamos as pequenas diferenciações do cotidiano. Precisamos de mais doses de vida fluída, só assim a consciência da nossa falta de controle sobre a vida poderá aflorar…

Entregar-nos aos momentos mais inesperados, isso é viver. Sem encarar como bom ou ruim, mas simplesmente chamar de “vida”.

Quão fácil tudo parece ser do lado de cá, por trás das palavras, embora seja difícil de internalizar, é melhor viver assim… surpreendendo-se a cada dia, flexibilizando os planos, encontrando caminhos com paisagens diferentes daquelas que enxergamos usualmente. Gosto de falar que muitas coisas são inerentes à vida, difíceis de fugir. Vão acontecer! 

É como a mudança, é inerente à vida, vai acontecer! Está acontecendo agora mesmo, as águas já são outras desde o momento em que você começou a ler. Que lindo! Isto é fluidez, vida em estado de verdade absoluta.

Com amor, Alice.

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