Eles são, obviamente, os que não estão no governo nem na oposição. Mas quem será o Eduardo Cunha deste Centrão daqui?
O caso mais famoso de Centrão que o país conheceu recentemente foi a formação do grupo político que acabou por eleger o ex-deputado Eduardo Cunha para a presidência da Câmara Federal. Com a queda dele, envolvido até os fiapos de cabelo em escândalos de corrupção, o Centrão se despedaçou.
Cunha não era só um chefe de quadrilha. Era o cara que organizava o Centrão. Para azar nosso – e do Brasil inteiro -, organizava para tirar vantagem de quem dele precisasse.
E o Centrão virou um elefante.
– No Brasil nós temos um Congresso que deve ter uns 25% de bandidos da pior espécie. E outros 25% que são sérios e até incorruptíveis. No meio está o Centrão. É fácil saber para onde o Centrão vai: eles vão para o lado quem está mais forte – conta um político com tantas horas de vôo para Brasília que poderia até tirar um brevê.
– Os problemas começam quando os púrias tem mais poder do que os sérios – sentencia.
E não é que o Centrão deu as caras em Viamão também? – não necessariamente para o mal.
Assim nasce um Centrão
Na sessão da quinta-feira passada, o presidente Xandão Gomes pediu à oposição que indicasse um líder: o regimento da Casa prevê um líder e um vice para cada bancada, um para o governo e um para oposição. Armando Azambuja (PT) indicou Guto Lopes, do PSol, pela oposição.
O governo ainda não indicou seu líder – Francinei Bonatto (PSDB) cumpre a tarefa, por enquanto.
– E o PTB, é governo ou oposição? – perguntou Xandão, sem grandes rodeios.
Eraldo Roggia respondeu.
– Centro. Nem governo, nem oposição.
– E o PDT? – voltou a perguntar o presidente, dessa vez de olho em Rodrigo Pox, único vereador do partido e aliado de Dédo Machado, indicado secretário do Planejamento de André Pacheco.
– Igual o PTB – disse Pox.
Está aí o Centrão.
Não rompe nem faz coro
Tá certo: por enquanto, o Centrão está mais para Centrinho: com dois partidos e três vereadores, não assusta ninguém. Mas deixe um descontente na oposição e no governo perceber que pode ter uma área de influência como esta e veremos o centro multiplicar.
Tem os descontentes também.
Dia desses, correu um boato aqui e ali que o PSD de Maninho Fauri andava chateado por não ter entrado no acordo que envolve o comando da Câmara. Ele ainda perdeu espaço na composição das comissões permanentes da casa no acordo feito entre governo e oposição – deixou a articulação política de lado e tentou por à mesa o fato de ser o mais votado eleito.
Se perceber que o governo não o sustenta, Maninho é candidato a integrar o Centrão.
Se o Centrão se consolidar, não precisa romper com o governo nem fazer coro à oposição: basta fazer parte de um bloco que tenha peso político e força para vencer votações.
É assim: bases aliadas costumam ser fiéis quando bem alimentadas. Cada um que pense que está passando fome tende a engrossar a fila do meio – onde esperam participar do sorteio de todos os biscoitos disponíveis.
Para o Centrão de Viamão assustar de verdade, lhe falta um Eduardo Cunha. Alguém se candidata?
Eu tenho a minha aposta.
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