Dentre milhares de pequenas coisas que me compõem, a leitura, seguida da música, me leva às alturas de minha própria fantasia. Quando leio posso ser viajante sem destino, pássaro voando alto ou baixo, lagarta em constante transformação. Ouvindo música posso sonhar com o cenário que bem quiser, dançar com ou sem plateia. Posso ser teatral, inventar. No mundo onde tudo me encanta e me emociona, um rio eterno de inspiração.
A música, a literatura, a dança, a arte: divindades que merecem contemplação. Outro dia participei de uma discussão sobre religião: seria religião a arte? Ou a arte é uma religião? E quem dirá que um ou outro está certo ou errado?
Me sinto devota ao que é belo e ao que pode ser complexo, aos rituais de todos os povos e todas as suas cores. Me sinto devota ao canto dos pássaros, ao louvor da igreja, ao samba da avenida. Me sinto devota aos encantamentos de tudo o que há e ao que ainda está sendo gerado. Me sinto espantada, envolvida e curiosa. Desde que nasci sou devota dela, da vida em forma de arte e da arte em forma de vida.
Na minha vida as coisas nunca foram apenas o que elas pareciam ser, elas sempre foram muito mais do que podiam ser, por causa da arte.