Existe uma dor constante no peito dos ansiosos, os que se exigem demais e exigem demais dos outros.Existe uma métrica perigosa e injusta que mede cada passo que eu dou, e uma juíza acusadora no final do dia batendo a minha porta: Por acaso, sou eu mesma.
Existe um medo de errar que acompanha um desejo de liberdade, que por consequência não pode se realizar, já que não se pode ser livre quando se está presa na corda apertada do perfeccionismo.
Existe no meu corpo, uma busca incansável pelo pódio que parece nunca chegar, a medalha de ouro que eu nunca me concedo, quando sou incapaz de comemorar minhas próprias vitórias. Existe uma sombra impostora nas minhas palavras, desmerecendo os meus méritos e desqualificando as minhas qualidades.
Quando estou sob o sol, sinto que deveria estar na sombra. E se me sento na sombra, sinto falta da luz do sol. A falta de linearidade cai sobre os meus ombros, e eu sinto o peso das coisas que penso que poderia ter feito melhor. Os detalhes, os pequenos detalhes.
Na busca pelo primeiro lugar, tão distante e quase sempre superestimado. Dizem que lá tem flores, sofás confortáveis para descansar e um deleite eterno na perfeição. Mas nesse árduo processo para chegar na sala encantada do pódio, encontramos coisas difíceis de suportar e conviver.A autocobrança excessiva e sensação sufocante de não estar dando o seu melhor, acontece que nunca contextualizamos o que é de fato, dar o nosso melhor.
Às vezes dar o nosso melhor é simplesmente não desistir quando as coisas ficam complicadas, outras vezes pode ser que seja fazer algo que não foi solicitado.Mas nem sempre dar o nosso melhor significará esforço e insônia, às vezes dar o nosso melhor é olhar com carinho para o nosso processo e perceber que estamos nos transformando a cada dia. Tendo em vista que o crescimento não é algo tão doce, pois requer pausas e momentos de reflexão.
Dar o nosso melhor pode ser estar ao nosso próprio lado, incentivando nossos próprios sonhos e instigando uma curiosidade para que não percamos o desejo de ser e estar por aí, vivendo.
Com carinho, Alice