Quanto vale uma vida?

Eu não sabia o que escrever aqui, comecei com algo mais formal e depois desisti. O que é a vida? Um pedaço de sonhos, um tanto de inseguranças e alguns sorrisos. O que é a vida, se não um bocado de lágrimas, uma família reunida e algumas crianças brincando no quintal?

O que é um ser humano? Um pouco de dor, um pouco de afeto, um pouco de pele e muito coração? E qual é o valor dessa existência que pulsa em cada um de nós?

Quem determina quando é chegada a nossa hora? A hora de dizer adeus aos nossos planos, aos nossos objetivos, ou mesmo, a nossa breve e tranquila respiração?

Um gatilho de uma arma, um soco ou dois, um chute ou dois? Quão breve é esse momento da morte, quão doloroso para quem fica e mais, quem se responsabilizará por esses danos ainda em vida?

Eu penso comigo se uma vida vale mais do que a outra, e, se vale, quem determina esse preço? Por que não nos abraçamos como iguais? E por que é tão difícil enxergar que aquilo que me dói, no outro também pode doer?

É custoso escrever assim, porque sou humana, muito antes de ser estudante, escritora ou filha e namorada. Sou humana e meus ossos doem quando percebo que meus iguais são destratados, humilhados e passam fome. E eu não aceito, e por isso me manifesto.

É triste o silêncio daqueles que não tem voz, mas se posso parafrasear Clarice “se eu tenho direito ao grito, então eu grito!”.

Todas as dores importam, todos os sonhos são importantes, toda fome é doida. Toda marginalização é devastadora, toda criança precisa de um futuro, todo mundo nasceu com o direito à vida. Embora a maioria não ouça, há uma voz que fala e morre todos os dias nas ruas, há um choro desesperado de alguém com a barriga vazia.

E eu digo, não há falta no mundo que justifique esse lugar minúsculo e hostil, lugar em que se apertam aqueles que não são vistos. Eu digo que os que tem, não dividem. E os que não tem, morrem calados.

Um acontecimento ruim não é construído por si só, existem camadas ocultas na sociedade que explicam muito mais do que podemos entender. Estamos de frente para um cenário de medo, e eu me pergunto: Qual criança pode crescer em segurança aqui? Como podemos ser felizes plenamente, diante de tanta crueldade? Quem se responsabiliza por tanto?

Perguntas que carecem de respostas, vidas que se vão e ninguém nota. Vivemos assim há tanto tempo e isso não virou motivo de choro, de silêncio coletivo. Quem é mais monstruoso, quem atua a favor ou quem silencia?

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