Um camisa 10 para a posteridade no Inter

Escanteio contra o Internacional. Manga deixa a meta com precisão cirúrgica. Rapidamente sai jogando com Figueroa. O chileno aciona Carpegiani. Paulo César tabela com Falcão pelo meio.

Grande lançamento do camisa 5 para D’Alessandro. D’Ale trama com Valdomiro e recebe na ponta-direita. ‘La boba’ pra cima do lateral. Cruzamento com efeito. Fernandão sobe absoluto na segunda trave. Cabeceio perfeito e… golaço!

O que pode parecer utopia é apenas um justo reconhecimento ao capitão colorado que, inevitavelmente, pendurou as chuteiras aos 41 anos, sendo 14 deles com serviços prestados ao alvirrubro gaúcho. E que capítulo final! Digno de sua ascendência técnica e de sua relevância como líder.

D’Ale foi completamente singular dentro e fora de campo. Pelo engajamento social, foi capaz de unir colorados e gremistas no combate à fome, à miséria e na busca pela tão necessária Justiça Social. Rompeu o “mundinho” à parte da esmagadora maioria das estrelas da bola. Também por isso, foi completamente fora da curva.

Viveu intensamente o sonho de nove em cada dez crianças no Brasil e na Argentina. Ser ovacionado, reverenciado, idolatrado. Somente na despedida, 36 mil colorados e coloradas emolduraram a noite de Páscoa que entrará para a história como a ‘Última La Boba’. Virada, com direito a gol do “velhinho”. Naturalmente, tendo o destino e os deuses da bola como notáveis colaboradores.

Fez de Porto Alegre o palco para a sua metamorfose. Deixou o patamar de bom jogador para ocupar uma vaga na prateleira dos ícones. Não à toa, tornou-se Cidadão da Capital e brasileiro por adoção. Perna esquerda invejável. Lançamentos perfeitos, assistências milimétricas, quase uma centena de gols, entre eles, o primeiro do novo Beira-Rio em uma cobrança exuberante de falta.

Estreou em um Gre-Nal. Entendeu como poucos o campeonato à parte que é a “maior rivalidade das galáxias”. A esmagadora parcela de sua idolatria está atrelada ao confronto. Provocou, fez gols, provocou de novo. Ergueu troféus e caixões. Muitas vezes errando ao extrapolar os limites da rivalidade. Ou não??? Mais ganhou do que perdeu, incluindo a Libertadores de 2010. Deu volta olímpica. Para o lado azul, dizem que também pediu “arrego”. Um texto sobre D’Alessandro, necessariamente, chama por alguma polêmica, né??? Provocou uma vez mais.

Maldito tempo. Desgraçado calendário. Afortunada exceção. Num futebol cada vez mais rasteiro tecnicamente e afastado de suas origens mais populares, D’Alessandro talvez tenha sido o último suspiro. Pelo menos para o lado colorado. Recebeu o bastão de ninguém menos do que Fernandão. E honrou como poucos o nobre desafio. Nada é por acaso! E, agora???

Para que admira o futebol bem jogado e que persegue a soma da estética com resultado, nos resta aplaudir, agradecer, recordar e, sobretudo, disseminar o legado para as próximas gerações. Definitivamente, não basta vestir a 10, é preciso merecê-la. Obrigado, Andrés Nicolás D’Alessandro! E parabéns!!! Fizera da arte de chutar a bola um passaporte para a eternidade no Inter…

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