Conversas aqui e ali levantaram uma série de dúvidas, posições e opiniões sobre uma possível vinda do presídio federal para Viamão
E o Diário traz, em numeradas, tudo aqui:
1. Vem + infra
Só para o presídio, serão cerca de R$ 30 milhões em um prédio para até 210 detentos. Tem toda a infraestrutura para chegar até lá – se for em Itapuã, por exemplo, tem que recuperar ou até fazer estradas . Não há uma estimativa apurada – afinal, sequer a área está definida – mas fala-se na Secretaria de Segurança Pública do Estado em pelo menos outros R$ 60 milhões em obras adjacentes ao complexo.
2. Vem + brigadianos
Mesmo o presídio sendo federal, haveria um reforço no policiamento ostensivo que a Brigada Militar faz na cidade. Isso significa, por óbvio, mais agentes de segurança nas ruas.
3. Vem + empregos
Durante a obra e depois dela também. Para obra, estima-se pelo menos 300 operários contratados diretamente, mais uns 600 empregos indiretos – afinal, esses trabalhadores precisam comer, se locomover, comprar para si e para obra, enfim, gastar. E muitos desse empregos ficam com quem mora próximo à obra.
No complexo prisional, depois de pronto, devem trabalhar cerca de 1,5 mil funcionários – parte deles contratados por concurso público, outros terceirizados. São agentes penitenciários para trabalhar em três turnos, cozinha, lavanderia, pátio, oficinas, manutenção e na segurança do complexo propriamente dito.
Os empregos indiretos gerados com o presídio já funcionado impactam em toda a região e não somente na cidade – mas não devem baixar de 2 mil novos postos de trabalho indireto. Só no ramo de alimentação, por exemplo, com o fornecimento de itens de para produção na cozinha ou em marmitas prontas, estima-se que um presídio seja capaz de sustentar 300 empregos.
4. Vem + grana
A prefeitura de Viamão também receberia mais recursos federais para investir em sistemas de prevenção e segurança – como o videomonitoramento, por exemplo. E para uso em ações de combate ao uso de drogas.
O videomonitoramento não está sob da alçada do governo federal, mas é considerado essencial para vigiar possíveis rotas de fuga e movimentações suspeitas.
Parte dessa grana viria dos programas já existentes no âmbito federal, sob os quais Viamão passaria a ter certa prioridade. Mas os recursos também viriam de apreensões e bens confiscados pela Justiça em casos de combate ao tráfico internacional de drogas, comércio ilegal de armamentos e outros crimes federais.
5. Vem + sensação de segurança
Com mais brigadianos, mais estrutura de vigilância, mais agentes penitenciários e mais empregos, aumentaria a segurança geral da população na cidade.
Localidades que sediam grandes complexos prisionais, via de regra, são mais seguras. Os índices de criminalidade em Charqueadas, por exemplo, é muito abaixo da média gaúcha. Lá ficam quatro unidades prisionais.
6. Mas tem o contra…
O grande problema de um presídio federal de segurança máxima apontado por dez entre dez especialistas é a convivência de grupos acostumados a crimes pesados com gangues locais e regionais – nem sempre tão acostumados a crimes pesados assim.
Em outras palavras, um presídio aqui poderia pôr Viamão na rota do mega estruturado crime organizado brasileiro.
Trocando em miúdos: quando presos de alto calibre vão para um presídio distante, costumam trazer a família para o entorno. Compram propriedades caras, alugam até. E trazem seus advogados também. E com eles, parte dos antigos parceiros de bando que, por vezes, estabelecem novas conexões com criminosos locais e regionais.
Para um grande traficante internacional de drogas que, mesmo preso, siga ‘tocando o negócio’, pouco importa se seus novos distribuidores sejam no Guarujá ou em Itapuã: o que importa é vender.
E se em Viamão tiver bandidagem interessada, dão formação e pós-graduação. A parte ruim de um presídio federal de segurança máxima pertinho de casa é a escola de bandidagem que pode pintar por aí.
Não é pouca coisa.
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