A biblioteca

Foto: Reprodução/Biblioteca Pública do Paraná/José Fernando Ogura/Agência Estadual de Notícias

Um homem grisalho lê os jornais. Uma mulher de turbante colorido lê um livro. Sentada numa mesa próxima a ela, não consigo visualizar o autor e a estória que tanto prende sua atenção. Só sei da mudez dela e de seu visível interesse pela leitura. Ela devora o livro e anota alguns trechos numa folha de papel ofício, cor-de-rosa. A cor do amor.

Adiante um jovem lê outro livro. Meio descontraído. Ora lê, ora coça a cabeça. Chega mais um jovem. Movido pela dor e a delícia de portar o mal ou o bem do século: um celular. Senta e clica, clica, clica. Para que veio à biblioteca? Se não é para se enternecer, pesquisar e amar os livros. Talvez esteja no Google. Talvez tenha nascido no ano 2.000. Talvez só queira usufruir do wi-fi.

Volto às atendentes da biblioteca. São três. Elas conversam entre si num tom mais alto do que o recomendável para frequentadores de bibliotecas. Corro os olhos: quantos títulos, quantas estórias, quantas pesquisas, quantos autores escondidos a vaguear neste espaço. Na modernidade encontro terminais de computadores. Todos desligados. Parecem mudos. Desconectados. Ao estilo, silêncio. Paz esta, enfim, necessária às bibliotecas.

Leio jornais. Procuro poetas brasileiros. Prateleiras bem cuidadas exibem Paulo Leminski, Mário Quintana e Ferreira Goulart. Não desprezo a poesia internacional: Edgar Allan Poe, Rilke e Fernando Pessoa. E navego em seus versos e na sua perfeição. Fico leve. Penso na vida. Que beleza ter o dom da palavra. E saber transmitir cultura, inquietudes, amor e experiências.

O senhor grisalho se retira. Uma das atendentes da biblioteca coloca óculos e lê um jornal. Quer se atualizar. Depois um livro. Bom trabalhar com a cultura. Ela sabe que o livro é libertação. Que o livro, livra as pessoas da ignorância.  A delicadeza dos pensamentos fluem e a atualização das notícias a contempla. Escrevo minha crônica entre livros bem escritos e jornais feitos com estilo profissional. Sinto algo sublime no ar.

O silêncio torna-se gratificante. Subitamente adentra à biblioteca uma jovem de cabelos coloridos. Suponho que ela seja de teatro. Ela pesquisa. Chega e permanece. Enquanto o rapaz do celular vai embora. Saciado de torpedos, facebooks e twitters. Não tocou em nenhum livro. Pena, perdeu a melhor parte. Embora estivesse navegando no Google, a procura de respostas.

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