A grande mudança: Os 40 anos da abertura econômica da China

Por Caroline Silveira* 

 

Quando falamos de China, muitas pessoas pensam nas comidas estranhas ou na medicina milenar. Hoje, escutam ou veem na TV alguma notícia sobre o crescimento econômico do país. Contudo, uma nação socialista, um regime totalitário e o comunismo permanecem na ideia que construímos sobre o país asiático. Em 1978 foi realizada a abertura econômica da China, que trouxe muitos bons frutos para a nação. Muitos destes aspectos, explico um pouco do que sei para amigos e familiares que questionam a política e a economia do país desde os tempos antigos. O país ainda passa um por período não democrático, mas a economia é capitalista. Há 40 anos o país vem mudando, e muito!

Para entender melhor sobre a atual situação da economia chinesa, é preciso olharmos um pouquinho para trás. Não precisamos falar sobre a era imperial, cerca de 100 anos atrás já é o suficiente. E em resumo, é o seguinte:

Durante o século XIX, houve uma forte influência de países europeus industrializados, como Alemanha, Reino Unido e outros). A sociedade chinesa ainda era fortemente rural, e sentia-se ameaçada com essa invasão estrangeira. Alguns dos chefes de Estado planejavam construir um Estado com caráter capitalista, mas a qualidade de vida da população continuava ruim. Foi então que aconteceu uma série de revoltas no país, causada pela insatisfação do povo com o governo de Chiang Kai-Shek. Em 1947, com o apoio da população, Mao Tse-Tung tornou-se o líder político da China.

 

A partir de então, a República Popular da China inicia um forte regime socialista totalitário, muito parecido com o aplicado na União Soviética. Mao decretou que o Estado controlaria todos os meios de produção do país (rurais e urbanos). Os maiores investimentos foram feitos na indústria de base, infraestrutura e defesa. Houve controle absoluto da economia, política, forças armadas e tecnologia.  Apesar de todas essas medidas, o país continuava em uma situação delicada, pois a produtividade era baixa e não havia competitividade com o mercado externo. Em 1960, diversas manifestações estudantis demonstraram o quanto a população estava descontente. Ao contrário do pretendido com as manifestações, o governo decidiu por fechar ainda mais o país.

Um altíssimo nível de analfabetismo, falta de infraestrutura e diversos problemas sociais: foi assim que Mao deixou a China ao falecer, em 1976. Eis que entra o responsável pela grande mudança: Deng Xiaoping. Entre diversas medidas que auxiliaram no crescimento econômico interno do país, a maior e mais impactante transformação foi a abertura econômica do país, em 1978. Politicamente, o país ainda é fechado. A censura no país é forte, inclusive as redes sociais são controladas pelo governo (Facebook e Twitter, inclusive o Google, são proibidos no país devido às suas políticas de privacidade).

 

Deng Xiaoping ficou no poder até 1997, transformado um país que passava por uma forte crise, em uma das maiores potências mundiais (a China é, hoje, o maior parceiro comercial do Brasil!). Os líderes seguintes continuaram a política de socialismo de mercado (incluso o atual líder político da China, Xi Jinping).

 

Todo esse crescimento econômico deixou a sociedade chinesa em uma situação muito confortável financeiramente. Muitas marcas estrangeiras entraram no país com muita força, e o consumo é extremamente incentivado. Inclusive os bancos e o método de pagamento foram facilitados para que o consumismo crescesse. Diferentemente do Brasil, aqui é raríssimo ver alguém usando um cartão para efetuar pagamentos. Dinheiro também não é muito comum. Cheques?? Nem pensar! O método de pagamento do povo chinês é pelo celular. Um QRcode que possui acesso ao seu balanço bancário permite que você efetue pagamento em qualquer lugar, inclusive em lojas pequenas ou barraquinhas de rua.

Shoppings center são muitos, e grandes! E os aplicativos de compra online são indispensáveis! Muitos não imaginam que o país tenha mudado tanto em tão pouco tempo, mas as notícias não mentem.

Recentemente (no dia 11 de novembro, pra ser mais exata), foi comemorado o anual “Dia dos Solteiros”. E nada melhor para comemorar (ou chutar pra lá) a solidão do que COMPRAS!!! A maioria das ofertas foi feita através do aplicativo Taobao, e os descontos eram aplicados em diversos tipos de produto. O lucro desse ano foi de mais de U$30 bilhões, cerca de 27% a mais que no ano passado. Tudo isso em apenas 24h!!

“E para entregar todas as compras?”…haja transporte! Os produtos vêm de diferentes partes da China, em grande quantidade. As centrais de distribuição das mercadorias ficam lotadas. Um produto que levaria dois dias para chegar, acaba levando cinco. As embalagens ficam na rua, esperando o dono aparecer e pedir pelo código. E não, ninguém pega uma mercadoria que não seja sua. É uma grande bagunça, que funciona muito bem!

 

Deixando de ser um país muito pobre e focando no crescimento industrial, a China se transformou na segunda maior potência econômica do mundo. Em apenas 40 anos! Não sei se estarei aqui em Pequim para testemunhar os próximos 40, mas espero que sejam imensamente prósperos para o povo chinês e a economia mundial.

 

 

 

 

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