Nasceu no dia 3 de janeiro. Quase réveillon. Aos olhos curiosos da equipe médica. Que, fazendo o parto, ainda comemorava a entrada do novo ano. E, por isto mesmo, talvez tenham negligenciado a cesariana. Que aconteceu sob suspense antes do final feliz. Com a enfermeira entregando a menina à mãe, para sua primeira refeição de leite materno.
Seu pai a chamou de Ana, registrando-a como Ana Paula. Pesava um pouquinho mais do que três quilos. Era um bebê saudável com grandes e enigmáticos olhos castanhos. Que depois, pela vida, eram sinônimos de qualquer coisa curiosa. Tinha genialidade adormecida que se manifestava, vez por outra, de uma forma bastante silenciosa.
Era canhota. Via o mundo com uma inteligência superior.
Era uma criança da nova era. Sua vida tinha muito mais do que um sentido humano. Era uma das crianças índigo. Que tantas mentes inteligentes valorizam. E que realmente tem uma inteligência excepcional. Seus imensos olhos castanhos forneciam a explicação necessária do seu ser, perdidos no meio de tanta vida. Tanta ousadia.
Índigo é um termo utilizado para descrever crianças que a parapsicologia, uma pseudociência, acredita serem especiais. Os defensores desta crença afirmam que os “índigos” constituem uma nova geração de crianças, com habilidades especiais, e que têm por objetivo a reconstrução de uma “nova era” na humanidade.
Estas crianças são geralmente classificadas como possuidoras de habilidades sociais mais refinadas, maior sensibilidade, desenvolvimento profundo de questões ético-morais e portariam personalidades peculiares que possibilitariam facilmente sua identificação relativamente a outras crianças.
Farta literatura tem sido publicada a respeito. Contudo, o sistema de classificação “crianças índigo” tem sido rejeitado pela comunidade científica, principalmente por conselhos de pediatria e especialistas em educação infantil, justamente por inexistir qualquer demonstração científica sobre a ocorrência do fenômeno.
Críticos apontam que o sistema é tão vago que pode aplicar-se a praticamente qualquer um, levando ao que se conhece como Efeito Forer. É de notar a crescente relevância que as crianças índigo têm revelado para a Parapsicologia. Aos olhos da sociologia, as crianças índigo são associadas à Geração Y.]
É um tema fortemente ligado ao espiritismo. Chamam-se crianças índigo a certos indivíduos que, supostamente ao nascer, trouxeram características que os diferenciam das crianças normais, tais como a intuição, a espontaneidade, a resistência à moralidade estrita e restritiva, e uma grande imaginação.
Avolumam-se frequentemente também, entre tais capacidades, os dons paranormais. Em 1982 a parapsicóloga Nancy Ann Tappe elaborou um sistema para classificar os seres humanos de acordo com a suposta cor da sua aura espiritual, lançando a obra “Compreenda a sua Vida através da Cor” onde fez um estudo sobre “as cores da vida”.
Segundo a autora, cada pessoa possui uma certa cor na sua aura em função da sua personalidade e interesses. No caso das crianças índigo, a aura deles tenderia a mostrar as cores anil ou azul, ao que se atribui uma espiritualidade mais desenvolvida.