A palavra propósito vem do latim – propositum – significa aquilo que se pretende realizar; intento; projeto; objetivo. Crescemos envoltos pela mística de que nossa vida tem urgência de propósito, significado.
Por vezes, essa palavra “propósito”, carrega um peso desmedido, faz com que a gente entre em uma busca incansável pelo nosso motivo de estar aqui. Mas é claro que, não queremos nada singelo, exigimos um propósito extraordinário, um caminho de tirar o fôlego! Virar presidente, quem sabe?
Acontece que, a maioria de nós não trilha caminhos lineares, e nem mesmo permanecemos sendo a mesma pessoa por muito tempo. Estamos constantemente em processo de mudança, a cada segundo, a cada hora. Nesse meio tempo, tornamo-nos indivíduos tão diferentes do que costumávamos ser, que alguns propósitos deixam de fazer sentido no meio da estrada.
Nesse meio tempo, entre o nascer do sol e o seu recolher, encontramos motivos novos para continuar existindo. Os propósitos modificam-se, a medida em que nós modificamos o quê somos.
Embora a ideia do propósito pareça coberta por um manto divino, ao desenrolar do cotidiano, ela se mostra muito mais simples e realizável. O propósito está em tudo. E o sentido é a gente quem dá, a medida que o caminho se faz.
Nascer com a responsabilidade de colocar o propósito de vida em uma formação profissional, um casamento ou um bem material como começo, e fim, talvez faça sentido para muitos… Entretanto, aqueles que não se encaixam nesse contexto, tendem a sentirem-se deslocados. São muitas possibilidades, não cabemos em caixas, que dirá nossa existência repleta de camadas e oscilações…
Portanto, me conforta acreditar em um propósito volátil, que pode ser transformado a medida que eu também me transformo. Acreditar em um propósito que faça sentido para quem estou sendo no presente, e não para quem eu fui alguns anos atrás, ou para aquilo que esperam que eu me torne.
Me conforta acreditar em um propósito que faça sentido para a minha vida no agora,
em toda a sua singularidade, e não um propósito que caiba nos moldes ditados, impostos…
Alinhar aquilo que queremos, com aquilo que está ao nosso alcance no momento. Com uma pitada de sonho, outra de realidade. Com uma pitada de esforço e outra de deixar fluir aquilo que não está sob o nosso controle.
Propósito pode ser sim algo fixo, estabelecido, fincado na areia. Por quê não? Mas ele também pode ser como o mar, que vai e vem, muda de cor e de temperatura.
O propósito pode ser aquilo que te move a longo prazo, mas também pode ser um objetivo que te faz seguir em frente por mais essa semana, por hoje. E ele pode mudar. De acordo com as novas pessoas que entram na tua vida, com as tuas novas experiências, novos desejos.
Por quê não se permitir reaver a rota e o propósito, toda vez que não der mais pé? E por quê não achar beleza em encontrar um sentido novo para continuar existindo?
Propósito, posso dizer que não tenho uma grande aspiração, mas quero muitas coisas da vida e se o sentido e a razão da minha felicidade estiver dentro de cada uma delas, então ali meu propósito também estará contemplado. O propósito se modifica, a medida que nosso caminho toma outras direções e assim, reinventamos nosso jeito de andar, infinitas vezes ao longo da vida.
Com amor, Alice.