As idades delas eram diferentes. Mas as três eram unânimes em louvar a liberdade. Como potros indomáveis seguiam a vida. A primeira era a matriarca e poderia ser até a mãe das outras duas. Escrevia, era cineasta. Na Faculdade de Cinema manifestava até um certo feminismo. Acatava os homens, mas desconfiava deles. Casou aos 30 anos, diplomando-se antes, na PUC, com honrarias. Pretendia transformar, futuramente, seus textos, em filmes e vídeos. Este material seria sobre temas variados e do cotidiano.
A segunda tinha mantido algumas experiências matrimoniais. Casou duas vezes e já sabia como se comportar diante do masculino. Bobeou, ela despachava o novo namorado com muita naturalidade. Sem ao menos saber se a criatura era culpada ou não. “Vaza”, dizia ela, sem pestanejar.
A terceira, a mais nova, só namorava nos sites de relacionamento da internet. Não conhecia aquele contato físico, mas teve alguns namorados bem expressivos e interativos. Inclusive um estancieiro gaúcho “prá lá” de machista. O vivente dava ordens para ela pelo facebook. No início do namoro, ela, por carência, até acatava as decisões dele. Mas aos poucos foi desconstruindo a imagem de um grande amor. Decepcionou-se mesmo.
Hoje as três se voltaram para o estudo e para a espiritualidade. As primeiras optaram por universidades. E a matriarca resolveu encarar a cinemografia. Estava escrevendo um manual dos relacionamentos atuais e humanos. Posteriormente, e assim que conseguisse patrocínio, pensada em fazer um filme. Na película, entrevistaria algumas mulheres, ouviria um psiquiatra e alertaria as mulheres em geral sobre o perigo das psicoses do amor. Porque, segundo ela, o amor doentio só causa confusões. Mentais e vivenciais.
Hoje, as três se reuniram em uma cafeteria, intercambiando as novas experiências. Ambas admitem uma certa responsabilidade ao se posicionarem num relacionamento amoroso. A matriarca, a mais velha do grupo, teve somente duas experiências de amor. E jura, de mãos juntas, que se decepcionou em ambas.