Audiência pública realizada em Viamão, proposta por Luciana Genro, ressalta avanços e obstáculos no combate ao racismo religioso

Foto: Débora Fogliatto/Divulgação

Mães, pais e filhos de Santo da cidade de Viamão apresentaram suas demandas e relatos em audiência pública proposta pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL) e realizada no âmbito da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. O evento, na Câmara Municipal da cidade, foi a quinta audiência sobre o tema que a parlamentar vem realizando em municípios gaúchos, após Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha, Porto Alegre e Pelotas.

A mobilização gerada pela série de audiências públicas já trouxe resultados positivos, como a articulação com o Tribunal de Justiça, que se reuniu com Luciana Genro e com lideranças religiosas e se comprometeu com a pauta. “O Rio Grande do Sul tem uma história marcada pela diversidade cultural e pela presença muito viva das religiões de matriz africana, então o combate ao racismo religioso é uma urgência social. A mobilização dos terreiros também é fundamental para termos mais força para enfrentar essa problemática”, afirmou a deputada.

Uma das autoridades tradicionais que vêm comparecendo às audiências é o Pai Tiago de Bará, coordenador da Associação Independente em Defesa das Religiões Afro Brasileiras (Asidrab), que recentemente foi vítima de intolerância durante a procissão do Bará do Mercado, quando um agressor quebrou a estátua do orixá. “A repercussão do caso foi enorme e, após isso, conseguimos um espaço com a Brigada Militar, que está elaborando um protocolo humanizado de abordagem nos terreiros”, destacou Pai Tiago.

  • A notícia foi recebida com entusiasmo pelos participantes, que relataram que uma das principais dificuldades são denúncias de vizinhos sobre barulho de tambores, tratadas como “briga de vizinhos”.
  • Pai Roberto de Bará, presidente do Conselho Municipal do Povo de Terreiro, reforçou a importância dos religiosos realizarem boletins de ocorrência para encaminhar casos ao Ministério Público.

A defensora pública Gizane Mendina, presidente do Núcleo de Defesa da Igualdade Étnico-Racial, destacou que a defesa do povo de terreiro é uma das prioridades do trabalho realizado. “Já ouvi relatos de pessoas que não praticam mais sua religião dentro de casa por terem medo. É preciso denunciar e, a partir da Defensoria, vamos buscar os direitos dos terreiros e seus integrantes”, afirmou.

  • Ela disponibilizou dois canais para quem for vítima de intolerância acionar a Defensoria: o telefone 0800-6445556 e o e-mail nudier@defensoria.rs.def.br .

Viamão conta com mais de 800 terreiros, segundo Babá Phil, que abordou a importância de se chamar o preconceito contra as religiões afro pelo que realmente é: racismo. Já Iyá Josi de Xangô trouxe a questão da dificuldade de se debater o racismo religioso nas escolas. A intolerância, inclusive, muitas vezes faz os praticantes das religiões terem vergonha de falar de suas crenças publicamente, como destacou a Yalorixá Karla de Odé, integrante do PSOL em Viamão.

Também se manifestaram o Pai Cristiano de Oxum, Cebola de Oxalá, Carina Kunze, secretária do PSOL em Viamão e integrante do mandato da deputada federal Fernanda Melchionna, além do vereador Alex Boscani (PT), que também foi proponente da audiência. Como encaminhamento, Luciana Genro destacou que irá buscar a administração municipal de Viamão para que sejam abertas as portas das escolas para este debate. A parlamentar também já solicitou reunião com o chefe de Polícia e com a Brigada Militar.

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Compartilhe esta notícia:

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade

Facebook