Claudio Brasil: Alguém viu um ministro da Saúde por aí?

Como podemos almejar vencer a crise da saúde relativa à pandemia do coronavírus sem um ministro da Saúde? O cenário para a população brasileira nas próximas semanas parece mórbido. Apesar do aumento do número de mortes causadas pela doença, já passam de mil infectados por dia chegando a um total de quase 30 mil, no Palácio do Planalto segue a interminável crise política.  

Em Brasília, muito se tem dado espaço às crises políticas e muito pouco à pandemia. Seguimos sem timoneiro em uma área tão estratégica, a da saúde, aquela que trata de nossas vidas. Mas até quando? A pandemia começa a se alastrar para as comunidades mais carentes e estamos ainda em curva ascendente no que diz respeito ao número de casos. Pouquíssimos testes, subnotificação, microepidemias dentro de hospitais e desvio de dinheiro na compra de equipamentos como respiradores, esse é o verdadeiro quadro do horror brasileiro.

Enquanto isso, presenciamos cenas dantescas da capital federal. Manifestações com símbolos racistas aumentam. Surge a Ku Klux Klan brasileira (alguém lembra de "Bento Carneiro, o vampiro brasileiro" de Chico Anísio…). Acampamentos clandestinos armados cercam os prédios públicos. Mas e a pandemia onde foi parar? Nas gavetas vazias do Ministério da Saúde sem um titular para a pasta. Esse é o problema atual da nação e deveria ter prioridade.

Cidades como São Paulo e Porto Alegre recomeçam a flexibilizar regras de quarentena.  Precisamos estar atentos às novas normas de higienização para que os números não subam ao ponto de levar o caos ao Sistema Único de Saúde. A inteligência deve mover nossas ações e os protocolos devem ser seguidos à risca. Acredito que as próximas quatro semanas deverão ser decisivas, já que ainda não chegamos ao pico da pandemia. Mas ele vai chegar.

E será que até lá teremos um novo ministro da saúde? Espero que sim. Tenho a esperança. A população segue sem saber exatamente como combater o inimigo invisível. O uso de máscara precisa ser obrigatório assim como o seguimento rígido das regras de distanciamento. Acho que o governo federal segue jogando um jogo perigoso tipo "cuidem-se por si mesmos".

Fica claro que essas crises institucionais servem, na verdade, de cortinas de fumaça. Perfeitas para ocultar temporariamente o real problema. Para que o vírus possa ficar resguardado na sala do ministério sem dono. Ainda não vimos o pior da crise. E, ao que parece, o retorno ao "novo normal" também será bastante sacrificante.

O povo brasileiro segue em uma espécie de transe. A espera que algo aconteça, e desencadeie a tempestade que se avizinha. O papel social que deveria ser do governo agora é fracionado. A sociedade civil tenta se organizar na entrega cestas básicas para áreas pobres e moradores de rua. Torcidas de futebol surgem como opção em oposição aos atos antidemocráticos.

Quanto à pandemia temos muito poucas respostas. A preocupação com os povos indígenas chega ao vaticano, o que deve demover um pouco mais de investimento de um governo tão religioso como o atual. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 6 mil aldeias estão recebendo atendimento médico. Ainda conforme o MS, já são 1312 casos confirmados e 51 óbitos. 

 

*As publicações nos espaços de opinião são responsabilidades de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Diário de Viamão.

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