Consciência negra

por Babá Phil

Há alguns anos, em 20 de novembro surgia uma campanha social, que veio a se tornar anual, em que a internet e os noticiários se enchem de conteúdo voltado ao povo negro. Notícias de empoderamento negro, matérias sobre a importância do negro na construção do país e todo este bla bla bla ou, melhor, esse mimimi de "Consciência Negra".

Calma, não pensem que estou desmerecendo a importância dessa campanha, mas tenho uma pergunta: na prática, você está fazendo a diferença?

Mesmo não se considerando ou sendo racista, há muita coisa que falamos no nosso dia-dia e que, mesmo não percebendo, são sim discriminatórias e de cunho pejorativo. Você já deve ter dito algumas expressões como "a coisa ta preta", "não sou tuas negas" ou "isso é coisa de preto". E se não disse, provavelmente já ouviu e se ouviu, provavelmente não fez nada, talvez tenha rido até. Até muito pouco tempo atrás piadas racistas eram ainda mais pesadas e comuns do que hoje. Portanto, o que você faz quando uma pessoa declara algo racista na sua presença? 

Vou contar um "causo" que aconteceu essa semana mesmo, na página do Facebook que administro. Houve literalmente um ataque evangélico em uma de nossas postagens – um vídeo mostrando um pedaço do culto a Vodun, divindades do povo Jeje em África. Após muitos comentários de evangelização, demonização do culto afro, defesa da palavra de Jeová (sim, inicial maiúscula porque ao contrário deles, reconheço e respeito a legitimidade do seu direito ao credo), finalmente os fundamentalistas cristãos derrubaram o video. Obviamente repostamos. A pergunta é: o que você faria se visse um ataque desses em sua time line? E se fosse ao lado da sua casa, naquele seu vizinho que cuida da própria vida sem incomodar ninguém?

Nosso objetivo hoje é lhe demonstrar que a passividade diante do preconceito é dele tomar partido e que com palavras ou termos de uso bastante populares, também acabamos por ser racistas ainda que inconscientemente.

Essas palavras e frases que usam o termo “negro” e suas variantes para caracterizar que algo é negativo ou ruim, ocupam o topo da lista. Quer um exemplo?

Denegrir – Tornar negro; como se tornar alguém negro fosse uma desqualificação de seu ser. Por que não substituir por desqualificar?

Outra:
Lista negra – então quer dizer se a lista é negra ela é ruim?
Não vou nem mencionar a magia negra aqui então…
Nesse sentido, precisamos também ter cuidado com palavras que parecem elogios, pois por melhor que seja a intenção, não apaga sua origem racista na história:
Mulata bonita – Apesar de parecer um super elogio, nessa temos que entender que mulata é um derivado da palavra “MULA”, animal este que se origina do cruzamento de burro com égua e remete aos filhos de pai branco e mãe negra. Se quiser uma dica, chame sem medo de Preta ou Negra bonita, isso não ofende, muito pelo contrário.

Um outro exemplo que gosto de citar é quando para ser elogiado, o negro precisa se tornar ou ter algo branco:
"Você é um negro de alma branca".
Esses são apenas alguns exemplos da infinidade de expressões de cunho racista que precisam urgentemente sair do nosso vocabulário, assim como as piadinhas preconceituosas que nunca tiveram graça e em pleno sec. XXI ainda não foram revistas.
Por fim, para além de refletir isso, repense suas ações e se pergunte que espaço o preconceito ocupa em sua vida. É importante saber.

“QUEM VAI MUDAR A SUA MENTE NÃO SOU EU, É VOCÊ”
Axé

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