Administração municipal não recebeu – até esta quarta, 5 de fevereiro – notificação de prejuízos na produção rural em razão da falta de chuvas, condição exigida para começar a ser cogitada a decretação da emergência
A previsão do clima para esta quinta-feira, 6 de fevereiro, no Rio Grande do Sul, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de chuvas fortes, com temporais, raios e precipitação de granizo em pontos isolados do Rio Grande do Sul. Mesmo com chuva, segundo o órgão, as temperaturas continuarão elevadas e beirando a marca dos 40ºC. Para a Região Metropolitana de Porto Alegre, a previsão é de dia com sol, mas com aumento de nuvens ainda pela manhã. Pancadas de chuva devem ocorrer à tarde e à noite com possibilidade de temporal localizado.
Mesmo com o calor intenso, a estiagem prolongada e a escassez de água que levou a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) a proibir a captação de água no Rio Gravataí nesta quarta, 5 de fevereiro, para fins de irrigação, priorizando o abastecimento humano em Viamão, Alvorada e Gravataí, a produção primária ainda não deu sinais de que está sentindo os efeitos do clima. Foi o que disse hoje à tarde o secretário municipal da Agricultura e Abastecimento, William Pereira, com exclusividade à reportagem do Diário de Viamão. Ele garante que a pasta está “monitorando e atenta à situação” e que, “até agora, não houve nenhuma notificação de perdas por parte dos produtores rurais”.
William esclareceu que “os olhos” da secretaria da Agricultura junto aos produtores são os técnicos do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) e do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga). Pelo fato de não existirem informações sobre prejuízos concretizados em Viamão, a secretaria não cogita, ainda, a decretação de Situação de Emergência no município. “A gente só pode pensar num decreto de emergência a partir do momento em que há comunicação de perdas. Até hoje (quarta, dia 5 de fevereiro), tanto a secretaria da Agricultura, quanto a Emater e o Irga, não temos qualquer anotação de perdas entre os produtores rurais do nosso município”, afirmou.
Os pedidos de ajuda, segundo o secretário, seriam pela abertura de açudes e irrigação de lavouras, tanto de arroz e soja quanto de hortifruti e folhosas (alface, couve, repolhos, entre outras). “Com a suspensão da captação no (Rio) Gravataí, hoje, pode ser que nesta quinta tenhamos alguma notificação, algum pedido de ajuda, para irrigação”, admite. Uma área que pode ser impactada pela determinação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura é a lavoura de arroz, que tem uma área cultivada 19.402 hectares com colheita prevista para o final deste mês e primeiras semanas de março, sem contar o cultivo do arroz orgânico no Assentamento Índio Sepé.
O secretário da Agricultura de Viamão prevê que nas lavouras de soja, que ocupam cerca de 4,5 mil hectares, deverá ser registrada queda na produção. “Não é exatamente por causa da irrigação no pé da planta, como é o arroz, mas por causa da falta de chuva”, disse ele, lembrando que, no que se refere à lavoura de arroz, Viamão ocupa a sétima colocação no ranking de maior produção, no âmbito do Rio Grande do Sul. Isso se deve em parte à grande extensão territorial no município, de 1.496 quilômetros quadrados – “com aproximadamente 2 mil quilômetros de estradas rurais”, acrescenta.
Para saber
- A Secretaria da Agricultura e Abastecimento tem aproximadamente 350 produtores cadastrados pelo Programa Abastece Viamão (PAV), criado em 2022 ainda no governo do ex-prefeito Valdir Bonatto.
- No total, o município possui mais de 5 mil produtores rurais que cultivam do arroz, soja e feijão aos legumes, hortifrutis em geral e folhosas, de pequeno a grande porte, com predominância dos menores que trabalham na base da agricultura familiar.
- Outra fonte de renda no meio rural, citado pelo secretário William Pereira, é a pecuária. “Temos um rebanho significativo de gado leiteiro, com produção em 21 propriedades, alguns tambos maiores e outros menores”, explicou.