Diário de Bordo (1) – Família de Viamão transforma ônibus em motorhome e acelera rumo ao Alasca

O 16: ônibus rodoviário que rodava em Soledade está chegando ao Alasca com família de Viamão. Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação

Quem somos e como tudo começou – A origem da nossa vida em família na estrada. Acompanhe as aventuras de Douglas Beilfus, Carla Malmann e da pequena Manuella Beilfus

Somos uma família gaúcha, de Viamão que decidiu viver a maior aventura das nossas vidas: cruzar as Américas a bordo de um motorhome construído por nós mesmos. Eu sou a Carla, publicitária, 37 anos. Meu marido, Douglas, também tem 37, é analista de sistemas. Nossa filha, Manuella, tem seis anos e já virou uma pequena viajante profissional. Completam a nossa turma nossos cães, Byron e Obama, nossos fiéis companheiros há 10 anos.

Nos conhecemos em 2014 e, desde o início do nosso relacionamento, o tema “viagem” fazia parte das nossas conversas. Sempre que podíamos, colocávamos a barraca no carro e saíamos para explorar os cantinhos do Rio Grande do Sul. Amávamos acampar, estar em meio à natureza e viver experiências fora do convencional.
Mas foi em 2016 que tudo começou a tomar outro rumo: o pai do Douglas comprou um motorhome.

Acompanhamos ele em algumas viagens e, pela primeira vez, vimos de perto como era a vida em uma casa sobre rodas. Aquilo nos despertou. Começamos a pensar em possibilidades: será que um dia poderíamos ter algo assim? A ideia parecia ousada, mas a vontade crescia a cada viagem. Pesquisamos várias opções de veículos para adaptar: motorhome pronto, carro com barraca de teto, kombi, van… Mas nada parecia se encaixar no nosso orçamento ou nas nossas necessidades.

Mesmo assim, a sementinha da vida na estrada já estava plantada. Quando nossa filha Manu nasceu, em 2018, esse desejo se tornou mais urgente. Queríamos estar mais presentes, viver com liberdade, mostrar o mundo a ela. Sabíamos que, com uma criança pequena, precisaríamos de algo mais confortável e seguro. Até que, em meio à pandemia, no inverno de 2020, numa noite qualquer, o Douglas fez uma busca no OLX por ônibus antigos.

Um dos primeiros anúncios apareceu com um valor dentro do que podíamos pagar e o ônibus parecia perfeito. Compramos.
Batizamos ele de Wilson.
E foi ali que a verdadeira transformação começou.

A construção do nosso motorhome – de ônibus rodoviário à casa sobre rodas

Depois de comprar o Wilson, nosso sonho começou a ganhar forma, literalmente. Ele é um modelo Mercedes Benz O364, ano 1983, que fazia a linha rodoviária da cidade de Soledade, no Rio Grande do Sul. Era o número 16 de uma frota. Mas ali, naquele esqueleto de metal, a gente já enxergava a nossa futura casa sobre rodas. Desde o início sabíamos que faríamos tudo com as próprias mãos. O Douglas assumiu o projeto com coragem e dedicação. Eu ajudava como podia: nas pesquisas, nas compras de materiais e, claro, colocando a mão na massa quando necessário.

A Manu era bem pequena, tinha só um ano e meio, então contamos muito com o apoio da família. As avós ajudavam cuidando dela, e o pai do Douglas foi essencial, tanto com sugestões quanto com ajuda prática nos momentos mais difíceis. A construção levou dois anos. Fizemos absolutamente tudo do zero: parte elétrica, encanamento, isolamento térmico, móveis planejados, caixas d’água, sistema de energia solar… Até o teto foi elevado em 30 centímetros para proporcionar mais conforto interno.

Nunca tínhamos feito algo parecido, mas conseguimos. Cada corte, parafuso e metro de fio tem a nossa marca. Não foi fácil, mas também não passamos por grandes perrengues. Foi um processo trabalhoso, cansativo e intenso mas, acima de tudo, recompensador. Ver um antigo ônibus rodoviário se transformar em um motorhome completo, funcional e cheio de autonomia foi, e ainda é, um dos maiores orgulhos da nossa vida. Uma casa construída com as próprias mãos, com amor, cuidado e dedicação.

Conhecemos cada canto do Wilson. Cada mangueira, cada cabo, cada armário. Isso nos dá segurança na estrada e um sentimento profundo de pertencimento. Mais do que uma casa sobre rodas, ele é parte da nossa história.
A primeira viagem aconteceu mesmo antes de tudo estar finalizado. Fomos para Pomerode, em Santa Catarina, com o básico funcionando: uma cama improvisada e o banheiro. Nada de cozinha, nem conforto. E mesmo assim foi incrível. Uma sensação de liberdade imensa tomou conta.

Tivemos certeza de que estávamos no caminho certo. Foi ali que percebemos: estamos prontos para viver na estrada.

No próximo capítulo

  • Os primeiros dias vivendo em movimento, a adaptação da rotina familiar ao motorhome, os aprendizados com a estrada e os pequenos desafios da nova vida nômade com uma criança e dois cães a bordo.

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