Na friagem daquela tarde sem graça eu apareci. Com meu óculos redondo e com aquela vontade escrever para o mundo. Santa pretensão! Depois de ver e rever um filme turco na televisão, achei que eu comungava palavras que seriam internacionais. Mas eram só minhas. Como fazer este milagre de ser uma escritora famosa?
Sei lá. Aqui nesta praia não tem agente literário. E eu nem sei se escrevo coisas interessantes ou se rabisco conteúdos fúteis. De qualquer sorte, tenho me dedicado a escrever o cotidiano. São crônicas e mais crônicas que toda terça-feira enfeitam minha mente, dando sentido à minha vida. Outrora tão cheia de cultura e hoje tão cheia de maresia.
Não posso deixar de amar o mar. Mas confesso que “enfarei” de ondas turbulentas, pranchas e cabeças ocas. É domingo de um mês de julho e quero frisar que nem todo surfista é vazio. O espírito da liberdade vive na pele deles, mas eu não preciso compartilhar isto. Posso ser livre sozinha e escrever.
Sinto que envelheço a cada dia. E já penso na minha vida futura. Tenho obrigação de fortalecer meus ossos e músculos. Parar de pensar nos outros. E adentrar em mim com minha experiencia literária, meu dom e minha capacidade de transpor as palavras. Sem elas, não existe escrita. E eu tenho absoluta certeza que nasci para escrever.
Escrevo no idioma português, o que me limita. Não sou poliglota, e não domino nenhum idioma mais. Mas minha alma é planetária. Acho que qualquer pessoa habitante do planeta Terra me entenderia. E sou humana. Isto me basta. Estou tentando viver da escrita, e se houver algum agente literário que ache interessante o que crio, que me procure.
Estou a uns 10 anos com um livro engavetado e não consigo publicar. Não tenho dinheiro para tal, mas isto não é o fim do mundo. Nem algum apocalipse. O mundo vive um alarde econômico e não é só eu que não tenho dinheiro. Mais da metade das populações terrenas são pobres.
Gosto tanto de escrever que continuo assim. Sem a bendita compensação financeira. Sempre penso que nenhum esforço é em vão. Talvez um dia alguma editora me descubra. E eu descubra o prazer de me inserir neste maravilhoso mundo das letras. Hoje é domingo, já tomei meu café, e agora repenso a vida. A bordo de um computador de bolso.