Zaffari vai construir presídio para o Estado em troca de área na Capital – e a obra pode vir para Viamão. Bonatto: governo topa
Uma grande negociação da empresa Zaffari com o governo do Estado pode acabar envolvendo Viamão nos próximos dias. A empresa trocou um terreno que é da Fundação de Recursos Humanos – órgão ligado ao governo gaúcho – perto do shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, pela construção de quatro unidades prisionais na região metropolitana da Capital.
Uma delas pode vir para Viamão.
– Não me oponho. Se quiserem, podem trazer para Viamão – se antecipa o prefeito Valdir Bonatto, sem fugir da polêmica.
Tudo tem prós e contras
A desvantagem de um presídio perto de casa é, por óbvio, a concentração de presos por aqui. Eventuais fugas, rebeliões ou mesmo a movimentação de um preso com maior periculosidade sempre assusta.
A vantagem é que as forças de segurança seriam necessariamente ampliadas em Viamão.
Cidades com presídios recebem reforço de equipes da SUSEPE, a Superintendência de Serviços Penitenciários, da Brigada Militar – que teria o efetivo aumentado em, pelo menos, 30% em relação ao atual – e da Polícia Civil, com mais delegados e equipes de investigação.
– Além disso, temos uma lei, sancionada por mim, que proíbe os presídios na área urbana da cidade. Uma estrutura como essa não ficaria perto das pessoas – explica o prefeito Bonatto.
Em Canoas, presídio é considerado modelo para as demais construções do gênero no Estado
Zona Rural como endereço
O novo modelo adotado pelo governo gaúcho se encaixa no perfil que a lei 4214, de 14 de abril de 2014, citada pelo prefeito, determina.
Segundo a lei, unidades prisionais só podem ser instaladas fora da zona urbana, com a elaboração de um projeto específico e relatório de impacto.
Longe da cidade, fugas e rebeliões, se houverem, causam menos risco à população. Além disso, com maior área de terra para sua construção, o presídio poderia abrigar unidades de trabalho prisional, o que também é defendido pelo governo gaúcho como modelo de recuperação para apenados.
– Se cada cidade pudesse cuidar de seus presos, não teríamos unidades como o presídio central, por exemplo, superlotado – defende Bonatto.
– Quantos presos lá são de Viamão? – questiona.
Com a extensão territorial que Viamão tem, não seria um problema encontrar uma área adequada ao projeto.
Reunião com Schirmer: nada de presídio
Bonatto esteve esta semana com o secretário de Segurança Pública do Estado, o ex-prefeito de Santa Maria Cézar Schirmer. Eles discutiram a conclusão das obras da Central de Polícia, no Centro de Viamão. O prédio, que antes abrigou o Fórum da cidade, precisa da rede de cabeamento lógico para ser entregue às forças de segurança.
– Não tocamos nesse assunto do presídio. Mas se o Estado quiser, Viamão quer – conclui o prefeito.
Cézar Schirmer recebeu o prefeito Bonatto na quarta à tarde, em Porto Alegre
Viamão já teve um presídio
Se a notícia se confirmar – espera-se o anúncio ainda para novembro -, não será a primeira vez que Viamão terá um presídio. O IPV, Instituto Penal de Viamão, foi desativado em 2014 pelo governador Tarso Genro.
Nos últimos anos, a instituição era dedicada ao regime semi-aberto, mas chegou a abrigar presos perigosos em regime fechado décadas atrás.
A facilidade como os presos fugiam do IPV, já completamente sem estrutura de segurança, foi matéria do Fantástico em 2013 e gerou a decisão de fechar a casa prisional.