Quando as cortinas se fecham, lá estão elas, pequeninas fagulhas de esperança da cor do fogo, flutuando sob as coisas ruins que te assombram, toda a desgraça exterior. Algumas pessoas pensam que em Viamão, nem sequer é permitido sonhar, as ruas podem desanimar os transeuntes e as filas do mercado parecem eternas. A lotérica está sempre cheia e os vendedores ambulantes perguntam muito se queremos comprar um abacaxi ou morango, quase sempre a resposta é não.
Mas quando as luzes se apagam, dentro do quarto, alguns cenários muito hipotéticos e fantasiosos surgem na nossa cabeça, sonhando com paisagens inspiradoras e o casamento que só acontece nas novelas. Acordar e abrir a porta de casa, dar de cara com a rua e com as pessoas mais variadas e ao mesmo tempo tão conhecidas, mais um dia que começa e estamos cada vez mais perto do fim.
Enquanto espera na fila do banco, observa o movimento e se pergunta: Quantas pessoas aqui tem um sonho? E se realmente o tem, será que alguma delas já o realizou? Será que aqui as pessoas ainda sonham ou apenas vivem para pagar as contas e enfrentar a fila na lotérica?
Enquanto espera na fila do pão, se pergunta se nessa cidade ainda vivem almas esperançosas e que fantasiam loucuras no meio da noite, almas que arriscam colocar a ponta dos pés na água gelada, alçar o voo por aventura.
Nem sempre o ambiente é inspirador, e nem sempre as coisas cooperam a favor da história. Mas no meio disso tudo, é importante encontrar aquela fagulha que flutua no escuro, que queima nas mãos e ilumina a escuridão dos dias caóticos: A esperança.
Com amor & fantasia, Alice.