Valdir Bonatto (PSDB) não esconde de ninguém que deseja concorrer a deputado estadual nas próximas eleições. É uma vaga pela qual precisará disputar votos com muitos candidatos fortes da região metropolitana, embora considero que o tucano possui vantagem sobre os demais pretendentes com base em Viamão.
Com isto, afirmo que, apesar de ter que renunciar ao cargo de prefeito, seria este o caminho de menor risco para quem, feito Bonatto, deseja arriscar.
De apostas também é o percurso de Guto Lopes (sem partido), o segundo colocado na última disputa pela prefeitura local. O ex-vereador, à véspera de retornar ao PT, se lançará a federal, fazendo dobradinha com Adão Pretto, que almeja a Assembleia gaúcha.
A matemática do voto dá conta de que Adão, ex-parlamentar da Velha Capital, tentará absorver o eleitorado do irmão Edegar, atual deputado estadual – e futuro candidato petista ao Piratini. Lopes entra na equação honrando o compromisso assumido no pleito de 2020, de agora apoiar o amigo.
Por isto, a Guto, recai unicamente a luta de tentar uma cadeira na Câmara Federal.
Em comum, Bonatto e Guto, além de já terem frequentado o PT, têm a disputa. São dois políticos que gostam do embate. Não se bicam e fazem questão de deixar bem claro tal fato. E da eleição do ano passado para cá, subiram o tom um com o outro.
Bonatto foi prefeito, fez sucessor e seu partido esteve a maioria do tempo no campo de apoio ideológico e administrativo do Executivo até que voltou para a Prefeitura no início deste ano. Guto, na oposição, atacou e ataca o que considera pontos fracos desta e das gestões anteriores ligadas ao tucano.
O prefeito, descontente com as críticas, faz queixas-crime. A mais recente tem desdobramentos hoje (19), quando o ex-vereador foi até a Polícia depor. O dono da vidraça reclama, o detentor do estilingue explica a pedrada.
É só um "esquenta" para o ano que vem. Ambos concorrerão ao legislativos, porém em cargos diferentes. Contudo, se pudesse, Guto gostaria de tirar a teima da eleição que perdeu. Como está com Adão, não lhe sobra outro caminho: mira Brasília sem perder o rival de vista. Tanto que desafia o tucano a lhe enfrentar nas urnas outra vez.
– Viamão precisa eleger deputado (federal). Temos que ter importância no cenário político do Estado, hoje estamos muito por baixo (em comparação ao restante do país). Se Bonatto tiver a coragem, será uma ótima oportunidade de debater suas promessas de campanha. Eu topo a disputa, acho que ele não concorre – provoca Guto Lopes.
Pessoas próximas do prefeito garantem que Bonatto só renuncia para concorrer a deputado estadual. Sobre as rixas com Guto, as respostas continuarão a vir por meio de ocorrências registradas em delegacias, que aliás a política de Viamão tem frequentado bastante.
Não tenho bola de cristal e não dou pitaco sobre quem se elege, porém me permito dizer que Bonatto, concorrendo, será mesmo a estadual. Ele tem até o começo de abril para pensar se renuncia. É o caminho racional por ser o mais curto e confortável. Perdendo, segue dando cartas na Prefeitura, ainda que pelas mãos do Nilton Magalhães (hoje vice); Tendo êxito, amplia poder político na região.
E Lopes pode seguir desafiando. A polêmica é boa para ele. O mantém na mídia e deixa seu nome vivo para 2024, no pior dos cenários.
Citei apenas estes dois candidatos pelas posições que ocuparam no passado das urnas – temos outras expressões com chances em 22. E tais nomes serão ventilados no momento certo.
Sem juízo de valor ou razão, digo que Guto está certo em uma coisa: Viamão precisa de representantes eleitos – aqui e lá em Brasília, mas temo pela velha panela de caranguejos na qual esta cidade insiste em se configurar. É aquele tal de "um puxa o outro para baixo" que "ninguém sobe". E Viamão continua parada no tempo.
Enquanto o choque de metais segue seu curso, os "estrangeiros", que só aparecem aqui para pedir voto, ganham terreno (preciso citar o exemplo do pedágio, ou algum candidato importado está se mexendo para fazer Eduardo Leite desistir?).
Quem aposta uma água mineral na minha tese?