Rescaldos da Segunda Guerra invadem a ’América Latrina’

Seria muita ingenuidade acreditar que um acontecimento tão horrendo e mortal como a Segunda Guerra Mundial fosse deixar cicatrizes apenas nas populações dos principais continentes envolvidos. O evento, que tornou a Europa e a Ásia em cemitérios e a céu aberto com cerca de 55 milhões de mortos, se espalhou para a América do Sul de um modo muito sorrateiro que se iniciou com o acolhimento secreto de nazistas em países  como Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile e Argentina. Existem teses que tratam inclusive de uma possível fuga do próprio “füher” para nosso continente.   

Mas, como podemos notar com a ascensão do modelo de ultradireita adotado no Brasil, os resquícios do combate que manchou de sangue o século 20 seguem muito vivos, espalhados perigosamente pelos recônditos ideológicos mais obscuros. Espalha-se desde o Palácio do Planalto e chega às ruas em sua forma mais bizarra e triste: o racismo. Jovens que seriam fuzilados pelo regime nazista, por serem mestiços, empunham símbolos nazi em pleno solo brasileiro, marcado pela diversidade racial, em plena luz do sol. E tudo parece tão natural.

A mais recente manifestação que estarreceu o país, ou pelo menos àqueles que ainda se preocupam com ele, partiu da médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi. Defensora da cloroquina no tratamento da COVID-19, em entrevista à Tv Brasil ela largou essa “pérola”. "O medo é prejudicial para tudo. Primeiro ele te paralisa. Te deixa massa de manobra. Qualquer pessoa. Você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela massa de rebanho de judeus famintos, se não os submetessem diariamente à humilhações, humilhações, humilhações…Tirando deles todas as iniciativas. Quando você tem medo, você fica submisso a situações terríveis”.

Será que Nise pode ser considerada racista? Como pode uma médica, que chegou a ser cotada para o cargo de Ministra da Saúde, se referir aos massacres infringidos ao povo judeu de uma forma tão conformada e com palavras tão cruéis? “Aquela massa de rebanho de judeus famintos”. Uma frase de alguém teoricamente com cultura, com faculdade. Isso que ela trabalha, ou trabalhava, no Hospital Israelita Albert Einstein. ISRAELITA, isso mesmo. Como diria o ator Jack Palance, “acredite se quiser…”

Ainda no sábado, a instituição médica informou o afastamento da profissional devido a suas declarações classificadas como “insólitas”.  Segundo a médica, o afastamento teria ocorrido devido à sua defesa da cloroquina, e não às declarações infelizes. O pedido público de desculpas por meio da assessoria jurídica dizia:

por fim, manifesta o pedido de desculpas por expressões outras e interpretações errôneas sobre assuntos sensíveis ao grande sofrimento judaico que envolveram seu nome, pois é solidária à dor dessa ilustre comunidade como a maior das atrocidades de nossa história ocidental”. Como eu gostaria que sua fria carta burocrática tivesse a mesma força de suas declarações “insólitas”.

Mas notem que esse tipo de declaração não é novidade nos tempos atuais. Pois vejamos, o ex-ministro Abraham Weintraub, ao deparar-se com a operação da Polícia Federal sobre as Fake News comparou a ação com a Noite dos Cristais, ocorrida na Alemanha nazista, quando estabelecimentos comerciais de judeus foram depredados. Terminando sua manifestação em uma rede social com a expressão SIEG HEIL (viva vitória), entoada à época pelos lacaios de Hitler.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já foi criticado por várias organizações judaicas por comparar a quarentena gerada pelo novo Coronavírus aos campos de concentração. É pouco? Tem mais. Em janeiro, o então secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, foi demitido após divulgar um vídeo com falas semelhantes a um discurso do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels. Pode? Pode sim, mesmo no Brasil.

Resquícios da Segunda Guerra não param de nos atingir e devemos estar de olhos abertos para não cair em artimanhas antigas diante da guerra contra o vírus e a pandemia, o que inclui a cloroquina e sua aplicação à qualquer custo. Afinal, não nos cansamos de importar todo o lixo ocidental. Não fosse assim não mereceríamos a “honrosa” alcunha de "América Latrina". 

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