Ano novo. E o passado chegando na memória da festa ida, no olho apaixonado no perdão e na clarividência. Tudo é magia. Quase tudo sobrenatural. E o dia amanheceu novo. Quinta-feira, premissa de final de semana. Gente chegando de vários lugares. Sotaques estranhos. E o sol esperado e único esquentando a alma e os corpos nus.
A praia, em segundos, lota. As praças recebem visitantes. Uma mulher na janela tudo vê, tudo confere. Por curiosidade ou por necessidade de enxergar uma novidade. Qualquer uma. Na sala, um porta-retratos. E na gaveta um antigo álbum com retratos amarelados. Não são imagens. São fotografias.
Seis meses se passam. É julho. As pessoas continuam chegando. Com mais pressa, talvez. O ano se esvai. Tem sol. Tímido sol. A rua está nua. Agora as poucas pessoas trocam seus bonés leves por grossos chapéus de feltro e lã. São os visitantes do inverno. Sorte deles por ser final de semana.
Do mar surge uma névoa densa engolindo casas e gentes. Uma mãe jovem carrega um filho nos braços. Na expectativa de fazer a criança feliz navegando na praia do verão. A criança está abrigada com grosso casaco de nylon e chapéu quente.
Ao seu lado, na coleira e de abrigo também seu pequeno cão passeia. Com roupinha de pet, de lã vermelha.
Pescadores ainda sonham com os peixes do mar. Com suas carretilhas tentam buscá-los. Alguns são contemplados. Guardando num balde alguns peixinhos e garantindo um almoço certeiro. São exemplares de inverno.
As árvores da praça estão molhadas de neblina. Galhos e folhas voam com um vento frio que acompanha o clima. Está bastante frio.
Uma moça com seu namorado fala alto. O som de sua voz é ouvido neste silêncio atordoante. Falam em marcas de vinhos, companheiro das refeições. Ela fala em tinto seco. Ele concorda. Talvez estejam planejando uma janta especial. Talvez estejam comemorando alguma data festiva.
E planejando comprar um vinho tinto seco. Para brindes e para esquentar, já que a tarde caí e o frio se intensifica. É inverno, como um retrato do passado alguns ligam a tevê para assistir filmes, outros se contentam com caminhadas gélidas. Depois, um clique no celular e o encaminhamento de fotos para familiares e amigos.