Sem medo do Noel

Glorinha era uma menina curiosa. Aos seis anos de idade, desvendou o segredo do Papai-Noel. Guardado a sete chaves pela sua família. Visita costumeira nos Natais de sua infância, ela achava tudo intrigante. Ele morava no Pólo Norte, viajava de trenó puxado por renas e fabricava os presentes que oferecia às crianças. Os irmãos da Glorinha não questionavam nada. Aceitavam tudo como verdadeiro. Ela, ao contrário, questionava a estória. Os irmãos recebiam os presentes acreditando que o bom velhinho viajava muito até chegar na casa deles em Viamão. Portanto, estaria cansado. De carregar nas costas, inclusive, o enorme saco com os presentes. E teria, muita sede também.

Foi espiando atrás da porta que Glorinha constatou que o Papai-Noel não era de todo desconhecido. Nem viajava tanto. Nem que fabricava os próprios brinquedos. Seu irmão caçula tinha verdadeiro pânico do Papai-Noel. Tremia com as palavras dele: "Tu te comportou direitinho este ano"? "Tuas notas na escola foram satisfatórias"? Porque criança que tivesse se comportado mal durante o ano, não faria jus aos presentes. Seu irmão tinha certa culpa. Pois, algumas vezes, gazeava a aula, para jogar futebol com os amiguinhos. Mas para responder ao Papai-Noel ele sempre dizia que se comportou bem.

A menina notava que o Papai-Noel era condescendente demais. Mas tudo bem. Era Natal. Tudo era festa. Seu presente mais inesquecível foi uma bicicletinha com rodinhas auxiliares. Com ela, se equilibrou. Com ela aprendeu a andar de bicicleta. Glorinha era bem comportada. Merecia. Existia no currículo da escolinha onde estudava um ítem chamado "comportamento". Suas notas nesta matéria, eram sempre "10". Mais tarde,ganhou uma bicicleta mais incrementada.Tinha uma campainha de som estridente. Jamais esqueceu a musicalidade: "trim trim trim"! Depois deste dia, sua mãe não conseguiu mais segurá-la em casa. Ela parecia voar com aquela bicicleta. Percorria muitas calçadas do bairro. E levou alguns tombos também. Que esfolaram seus joelhos, fazendo-os sangrar.

Numa véspera de Natal ela decidiu que descobriria o segredo do Papai-Noel.Quando mais uma vez, curiosa e atrevida, se escondeu atrás da porta.Viu seu pai conversando com o Tio Ataulfo. O tio era muito teatral, alegre e fotógrafo por profissão. Seu pai ensaiava com ele, a cena do Papai-Noel chegando na casa e distribuíndo os presentes. A menina resolveu a charada. Seu tio se fantasiava de Papai-Noel na noite de Natal. Era ele o temido Noel que vinda do Pólo Norte.

Vizinhos e curiosos chegavam em divertidos grupos na casa da menina. Pois a festa de Natal não era assim, tão particular. Era bastante democrática e muito divulgada nas redondezas. O Papai-Noel era sempre a atração. O bom velhinho pedia uma bebidinha antes da entrega dos presentes. Glorinha e seu pai entendiam toda aquela cena. O tio Ataulfo adorava cerveja. Ah…ah…muita diversão nesta hora. Seu mano entretanto, de tão nervoso, ameaçava chorar e fazer beicinho. Crianças são crianças. E muitas acreditam piamente na estória do Papai-Noel. Por saber quem era ele de verdade, a menina não o temia. O considerava um amigo. Que jamais a puniria. Nem lhe negaria um lindo presente na noite de Natal.

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